Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo revela que 21 dos 77 políticos investigados na Lava Jato que disputam as eleições registraram redução no valor de seus bens em comparação com a disputa eleitoral passada. Entre eles, oito informaram à Justiça eleitoral queda de mais da metade do montante declarado em anos anteriores.
Por outro lado, 44 apresentaram aumento patrimonial. Em 12 casos, não houve variação. Segundo o Estadão, a Receita Federal considera que movimentações significativas no patrimônio podem ser indícios de irregularidades. De acordo com o jornal, foram considerados apenas valores nominais porque, conforme analistas, não é possível corrigir declarações de bens com base na inflação, pois a valorização ou desvalorização de um imóvel, por exemplo, não seguem a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
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Crise econômica, recebimento de herança, venda de bens, divórcio e dívida por empréstimo bancário foram algumas das explicações dadas pelos parlamentares para justificar a variação patrimonial.
O deputado Heráclito Fortes (DEM-PI), por exemplo, atribuiu a redução de R$ 5,1 milhões para R$ 1,5 milhão em seu patrimônio à venda de um avião que constava de sua declaração anterior. O inquérito aberto contra ele inicialmente no Supremo Tribunal Federal foi enviado à Justiça Federal do Piauí. O deputado alega inocência.
Segundo o Estadão, a maior queda foi a do senador Benedito de Lira (PP-AL). Candidato à reeleição, ele declarou R$ 723,2 mil em 2014, quando concorreu ao governo de Alagoas, e agora disse ter R$ 76,6 mil. No Supremo, Lira foi alvo de duas denúncias na Lava Jato, uma arquivada e a outra – a do “quadrilhão do PP” – ainda não julgada. “Esse é um assunto que eu não vou discutir, porque a minha declaração de Imposto de Renda está na Receita”, afirmou Lira à reportagem, desligando o telefone em seguida.
Na linha oposta está o senador e presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), também denunciado no “quadrilhão do PP”. Seu patrimônio cresceu mais de 1.000% em oito anos, em valores nominais. Saiu de R$ 1,9 milhão, em 2010, para R$ 23,3 milhões neste ano, quando tentará a reeleição. A justificativa é uma herança deixada pelo pai, além de negócios “bem-sucedidos” não especificados.
De acordo com a reportagem, outros candidatos que informaram à Justiça eleitoral patrimônios menores foram o líder do governo no Senado e presidente do MDB, Romero Jucá (RR), em 68%, o ex-presidente do Senado Renan Calheiros (MDB-AL), em 14%, o governador de Minas, Fernando Pimentel (PT), em 24%, e o senador Humberto Costa (PT-PE), em 41%. Todos tentam reeleição.
Veja a íntegra da reportagem do Estadão