Em nova entrevista à Record, o presidente Jair Bolsonaro disse acreditar na inocência do filho Flávio, deputado estadual eleito senador pelo PSL do Rio de Janeiro. Segundo o presidente, as suspeitas levantadas contra seu filho têm como objetivo atingir o seu governo.
“Acredito nele. A pressão em cima dele é para tentar me atingir. Ele tem explicado tudo o que acontece com essas acusações infundadas, que teve sim seu sigilo quebrado”, afirmou na entrevista concedida em Davos, na Suíça. “Nós não estamos acima da lei. Pelo contrário, estamos abaixo da lei. Agora, que se cumpra a lei, não façam de maneira diferente para conosco. Não é justo atingir o garoto, fazer o que estão fazendo com ele, para tentar me atingir”, acrescentou.
Mais cedo, também em Davos, Bolsonaro havia adotado um tom mais duro em relação ao filho mais velho, de 37 anos. “Se por acaso ele errou e isso for provado, eu lamento como pai, mas ele terá que pagar por essas ações que não podemos aceitar”, declarou.
Se for provado que errou, Flávio pagará, diz Bolsonaro
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Veja a entrevista:
PublicidadeFlávio é um dos 27 deputados estaduais do Rio de Janeiro que entraram na mira da Receita Federal devido à suspeita de que podem ter embolsado parte do salário de servidores, um esquema chamado de rachadinha. O primogênito de Bolsonaro é citado em procedimento aberto contra seu ex-assessor Fabrício Queiroz.
Amigo do presidente há mais de 30 anos e ex-policial militar, Queiroz passou a ser investigado depois que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou que ele movimentou, de maneira atípica, R$ 1,2 milhão no período de um ano. O valor é considerado incompatível com os rendimentos e o patrimônio dele.
Para o Coaf, também chamam a atenção os 48 depósitos feitos no valor de R$ 2 mil cada em uma conta de Flávio, entre junho e julho de 2017, em agência dentro da Alerj. O conselho avalia que esse tipo de fragmentação é comum em casos de lavagem de dinheiro. O comprador de um imóvel do deputado estadual assumiu ter feito os pagamentos e disse que optou pela operação para fugir de fila no caixa e que obedeceu ao valor máximo permitido pelo banco para depósitos.
Ainda na entrevista à Record, Bolsonaro atribuiu a uma recomendação médica o cancelamento da entrevista que concederia a jornalistas brasileiros e estrangeiros no Fórum Econômico Mundial. Ele será submetido no próximo dia 28 a uma cirurgia para retirada da bolsa de colostomia que usa desde que foi esfaqueado por Adélio Bispo em 6 de setembro, em Juiz de Fora (MG), durante a campanha eleitoral.
“Tenho que chegar descansado no domingo em São Paulo para que eu possa me submeter a uma cirurgia bastante complexa, que todo meu abdômen será aberto novamente.” Bolsonaro disse, ainda, que não teria novidade a apresentar. “Logicamente o que podemos cancelar aqui nós cancelamos”, afirmou. Segundo ele, o governo já havia mostrado o que pretendia. “Não teria novidade para apresentar à imprensa naquele momento.
Além de Bolsonaro, os ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Paulo Guedes (Economia) e Sérgio Moro (Justiça e Segurança Pública) também cancelaram suas entrevistas. O ato resultou em uma série de críticas na imprensa nacional e estrangeira contra Bolsonaro, que era aguardado como grande estrela do Fórum, mas deixa a Suíça sob questionamentos.