Réu no Supremo Tribunal Federal (STF), o senador Aécio Neves (PSDB-MG) reclamou das diligências realizadas nesta terça-feira (11) pela Polícia Federal, no âmbito da operação Ross, que o têm como principal alvo de investigação sobre pagamento de propina e compra de apoio político. O parlamentar tucano, embora o ministro do STF Marco Aurélio Mello tenha visto “indícios de relação ilícita” entre ele e executivo do Grupo J&F (JBS), protestou contra as delações de “criminosos confessos” e disse que as providências da PF são desnecessárias.
“As solicitações da Polícia Federal foram absolutamente desnecessárias, até porque o maior interessado em esclarecer todas essas questões sempre fui eu. Sempre estive à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos”, disse o tucano em entrevista coletiva concedida há pouco na entrada do plenário do Senado.
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Segundo Ricardo Saud, ex-diretor do grupo, a JBS comprou apoio de 12 partidos (veja lista abaixo) para formar a coligação que apoiou Aécio nas eleições de 2014. Um dos partidos beneficiados, segundo a colaboração, foi o Solidariedade, que teria recebido R$ 15,27 milhões.
No despacho de diligências, o ministro ordenou à PF “máxima discrição” e simultaneidade na execução das ações policiais. “Ficaram demonstrados indicativos da atuação do parlamentar como contrapartida aos benefícios financeiros”, anotou Marco Aurélio.
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Para o tucano, no entanto, delatores como Joesley Batista – este, o responsável pela principal complicação de Aécio – “falseiam informações” para tentar manter “sua incrível imunidade penal”. “Transformam algo lícito, legal, [em procedimento] com aparência de crime. Não houve nenhuma ilicitude – ao contrário, procuraram durante todo esse tempo algum benefício que eu pudesse ter oferecido ao seu grupo, como governador ou senador da República. Não encontraram nada”, discursou Aécio.
“Não podemos mais aceitar que delações de criminosos confessos e suas versões se sobreponham aos fatos. E o fato concreto é um só: o que estamos tratando nesse inquérito é de doações a campanha eleitoral de 2014 feitas de forma legal, registradas na Justiça Eleitoral e aprovadas por essa mesma Justiça Eleitora, sem qualquer contrapartida”, acrescentou.
“Chega de tentar transformar a realidade em benefícios para esses delatores. Eu tenho absoluta confiança na Justiça. A seriedade dessas apurações vai mostrar o que foi feito de forma absolutamente correta – não apenas em relação ao PSDB, mas a outros partidos políticos também envolvidos nessa questão”, arrematou o tucano, para quem a versão dos delatores, “criminosos confessos”, não pode se sobrepôr à verdade.
Ataque como defesa
A tática de desqualificar delações premiadas é um estratégica que Aécio tem usado desde que virou réu no STF. Em 17 de abril passado, cerca de um ano depois da divulgação de áudios gravados por Joesley Batista, o senador foi à mesma entrada do plenário dizer, já na condição de réu, que é vítima de “criminosos confessos”.
Primeiro membro do PSDB a ser tornar réu na Operação Lava Jato, ele disse à época que o fato de a Primeira Turma do STF ter recebido a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), na verdade, é uma oportunidade de provar sua “inocência”. Tanto hoje (terça, 11) como em abril, ele aposta na tese de que é vítima de armação, em contraposição ao conteúdo de um áudio que, segundo a acusação, enquadra-o nos crimes de corrupção e tentativa de obstruir a Justiça.
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Os partidos “comprados”
Segundo a delação de Ricardo Saud, Aécio orientou a compra de 12 partidos que compuseram a coligação com o PSDB. O total de dinheiro distribuído às legendas foi, de acordo com a colaboração, R$ 43,17 milhões.
– PTB – R$ 20 milhões (R$ 18 milhões em doações oficiais / R$ 2 milhões em espécie a Luiz Rondon, tesoureiro do partido)
– SDD – R$ 15,27 milhões (R$ 11 milhões em doações oficiais / R$ 4 milhões a empresas indicadas pelo deputado Paulinho da Força)
– DEM – R$ 2 milhões (em doações oficiais – apesar de o senador Agripino Maia ter pedido R$ 10 milhões)
– PMDB – R$ 1,5 milhão (doação oficial ao atual governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori)
– PMN – R$ 1,3 milhão (em doação articulada por uma representante do partido)
– PTdoB – R$ 1 milhão (em doação articulada por um representante do partido)
– PTN – R$ 650 mil (em doação a representante do partido) – PTC – R$ 650 mil (em doações articuladas por dois representantes do partido)
– PEN – R$ 500 mil (em doação articulada por um representante do partido)
– PSL – R$ 150 mil (em doação articulada por um representante do partido)
– PSC – R$ 100 mil (em doação oficial)
– PSDC – R$ 50 mil (em doação articulada por um representante do partido)
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