O comentário de Beth Veloso veiculado originalmente no Papo de Futuro, da Rádio Câmara, com Paulo Triollo:
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Tempo, tempo tempo, diz a música. 30 horas, 48, 24 é pouco para dias corridos! E, ao final, tudo parece tão vazio. O tempo passou… a gente nem viu. Temos nosso próprio tempo, diz Renato Russo, mas os jovens não têm tempo, apenas pressa, não têm tempo para os estudos, os amigos, apenas os jogos, o celular, a rede social…A densidade some na poeira do tempo. O relógio não pausa mais, para nada, até um vídeo é longo para quem nunca conheceu um jogo de xadrez.
Tudo muda com o tempo, inclusive as gerações sem tempo para os dominós, as bolinhas de gude, sem tempo para se acalmar, pensar, sem pausa para falar, impulso, vibração, compartilhamento, gostar e discordar ao mesmo tempo. É selfie, todo o tempo. O sono atrapalha o tempo do celular, quantas saudades do tempo em que a novela era das seis, os livros eram de papel e nem os relógios eram digitais. A rede era, para descansar, e não distrair, ou abstrair-se do seu tempo mais proveitoso. Até o tempo da internet mudou, o Orkut já ficou no tempo e a gente sabe que o Facebook não é mais aquele, aquela chatura de gente com tempo para tanto besteirol!!!
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Para quem nasceu intelectual, a internet popularizou-se no conteúdo, mas não na qualidade do seu tempo, e ganhou ares de folhetim, com o enredo ditado pelos novos senhores do nosso tempo mais precioso: o tempo de aprender! Sim, eles, os guardiões dos templos de acesso, os aplicativos de busca e as redes sociais. É claro: tem gente olhando o tempo em que vamos questionar toda essa liberdade, ou liberalidade das regras de hierarquização do conteúdo dos grandes portais de acesso à rede, que negam o óbvio: quem edita o conteúdo do que vemos acaba moldando nosso tempo no mundo, e com isso, onde está o nosso livre acesso à informação, a nossa liberdade de expressão e aquele tão sonhado tempo da democratização da comunicação?
Para quem teme a censura do Estado, alerta o consultor Guilherme Pinheiro, agora são as grandes empresas do Vale do Silício que têm o poder de informar, exercendo uma liberdade dos tempos em que era o Estado, e não o privado, que tinha mão de ferro e outras formas de controle. Então, privatizar o interesse público também é censura, mas ninguém tem tempo para pensar na internet que queremos no futuro. Renato Russo que me desculpe: o que foi prometido, aquela internet utópica, ninguém prometeu. Afinal, somos tão jovens. E os guardiões da rede, tão selvagens.
PublicidadeEstamos curiosos para saber o que você pensa sobre isso! Mande suas críticas e sugestões para papodefuturo@camara.leg.br. Poderá haver diferenças entre o texto escrito e a coluna realizada ao vivo no programa “Câmara é Notícia”, da Rádio Câmara