Clique abaixo para ouvir o comentário de Beth Veloso veiculado originalmente no Papo de Futuro, da Rádio Câmara, com Paulo Triollo:
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A Inglaterra é considerada líder da economia digital entre o grupo dos G-20, as nações mais poderosas do mundo. Os ingleses vangloriam-se pelo fato de terem a maior rede de banda larga super veloz entre os países europeus. Mas esse desempenho parece pouco aqui na terra da rainha Elizabeth. A última sexta-feira, 10 de março, está marcada no calendário da história das telecomunicações na Grã-Bretanha. A BT assinou um acordo com a reguladora Ofcom, a Anatel daqui, concordando com a separação total da empresa Openreach, que é a dona da infraestrutura de banda larga no Reino Unido. O acordo põe fim a um casamento de 10 anos, e se os ingleses já eram exemplo da chamada separação funcional, ou seja, a criação de uma rede aberta para vários competidores na banda larga, agora a coisa ficou mais séria.
O jornal Evening Standard explica que, até agora, a BT, que é dona da EE e domina 45% do mercado de banda larga móvel, não dava tanto espaço para os competidores, e que o acordo entre a Ofcom e a BT, envolvendo a Openreach, será a ponta de lança para uma cobertura ampla e irrestrita do 5G e, especialmente, da fibra ótica por aqui.
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O acordo é claro e envolve a transferência de 32 mil trabalhadores para a Openreach, mas o mais importante é a independência financeira e autonomia administrativa com a Openreach, que, agora, vai lidar com os seus negócios, sem a ingerência direta da BT, que opera serviços de um modo de geral. E essa é a grande lição para o mercado brasileiro, que trabalha cada vez mais concentrado em que as grandes operadoras de telecomunicações dominam desde a infraestrutura fixa até as redes móveis, deixando pouco espaço para pequenos provedores abrirem novos mercados.
Com um acordo imposto pelo regulador das telecomunicações inglês, em dez anos, ou seja, até 2027, a Inglaterra espera elevar sua cobertura de fibra ótica nas residências dos atuais 2,36%, conforme o blog “thinkbroadband”, para 80 a 90% dos domicílios. Sem falar nos 200 milhões de libras esterlinas (quase R$ 1 bilhão) que o governo irá investir no setor, inclusive para financiar o desenvolvimento de aplicativos de internet no 5G.
Receita dos ingleses: para a ultrarrápida banda larga, adicione regulador forte, que leva à separação de empresas – forçando a competição – e misture com alguns milhões de libras esterlinas de investimento público.
Definitivamente, a Inglaterra não é o Brasil.
Se você não concorda ou quer comentar, escreva para nós: papodefuturo@camara.leg.br
Coluna produzida originalmente para o programa Papo de Futuro, da Rádio Câmara. Pode haver diferença entre o áudio e o texto.