Clique abaixo para ouvir o comentário de Beth Veloso veiculado originalmente no programa “Com a palavra”, apresentado por Elisabel Ferriche e Lincoln Macário na Rádio Câmara:
A gente costuma dizer que, antes do Carnaval, o ano, na verdade, não começa. Para o mundo das telecomunicações, talvez a gente possa dizer que o ano nem acabou. Promessas não cumpridas, nenhum grande projeto à vista, o adiamento de grandes decisões, 2015 foi um ano morto na área mais dinâmica da indústria e mais demandada na sociedade.
O Brasil não avançou no comércio eletrônico, não fez grandes coisas com relação à educação digital, nenhuma melhoria incrível quanto ao uso da internet na saúde e na Medicina. Muito pelo contrário, muitos orelhões foram desligados, a rede pública de internet via Telebrás não avançou e o projeto de banda larga para todos, para 100% da população, ou seja, fibra na porta de casa de todo brasileiro avança como uma bomba relógio: 2018 chegará e as taxas de fibra nos lares brasileiros vão seguir precárias. Existem fibras óticas em menos de 20% das localidades em municípios brasileiros. Em que pese o número de conexões móveis tenha aumentado, mesmo num cenário de crise econômica, ficou para o segundo tempo a decisão sobre transformar ou não a banda larga num serviço público, com obrigações de continuidade e universalização.
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Caso a banda larga fosse transformada em serviço público de telecomunicações, parte do fundo de telecom poderia ser usada na sua expansão, mas essa receita integra há décadas o caixa do tesouro como essencial para o equilíbrio das contas públicas. E a essencialidade da internet para o brasileiro vai ficando para depois, no imperativo da política econômica que não cria oportunidades e acentua desigualdades.
Num discurso um tanto apocalíptico do que será do amanhã nas telecomunicações, podemos dizer que o mais importante neste momento é discutir se a neutralidade da rede vai continuar ou não, ou se eu vou poder transformar a internet num grande balcão de negócios de marketing e venda de produtos, onde eu privilegio a empresa, o site ou o aplicativo que me dá mais dinheiro.
Hoje a internet é uma estrada livre, em que pese o conteúdo já esteja na mão das grandes corporações, como o Google e o Facebook. Mas, sem a neutralidade da rede, o desafio em 2016 será evitar que os Golias engulam de vez os pequenos Davis que garantem o mínimo de pluralidade na rede e, ao invés de internet, vamos chamar esta grande malha de computador de Google Net. E todos nós diremos amém!!!
Mande suas dúvidas e sugestões para papodefuturo@camara.leg.br
Coluna produzida originalmente para o programa Papo de Futuro, da Rádio Câmara. Pode haver diferença entre o áudio e o texto.