O comentário de Beth Veloso veiculado originalmente no Papo de Futuro, da Rádio Câmara, com Paulo Triollo:[sc_embed_player_template1 fileurl=”https://static.congressoemfoco.uol.com.br/2017/08/papodefuturo_20170808_marrocos_portugal.mp3″]
O Papo de Futuro inicia hoje um novo ciclo de vida! Agora, somos 100% virtuais. Nada de estúdio ou bom dia pelo microfone! Em terras lusitanas, uso o Skype como alternativa ao silêncio do meu telefone e às caríssimas taxas de roaming internacional. A cidade de Porto, em Portugal, é a nossa nova morada, e vamos tentar destrinchar por aqui políticas que favoreçam a nossa internet, no difícil equilíbrio entre o acesso ilimitado, e os importantes debates sobre privacidade e vícios na rede.
Apenas uma hora de voo separa Portugal do Marrocos, mas a distância entre esses dois países em termos de uso da tecnologia é brutal! Uma incursão pelas altas montanhas Atlas até o deserto do Saara mostra um país parado no tempo, em que as mulheres carregam nas costas a alfafa, alimento para burros e cabras, enquanto os homens jogam com tabuleiros nas portas de suas aldeias berberes.
Enquanto visito sítios históricos e quase arqueológicos no continente africano, como o cenário do filme “Gladiadores”, em Quarzazade, vejo que a escravidão moderna é pela tela digital, gerando um fenômeno de dupla fadiga: dos jovens como meu filho que só conseguem largar seu aparelho para se segurar firme e não cair do camelo, e a minha irritação por perceber que o choque de culturas entre o Brasil e a África e suas diversas nuances passa batida para uma juventude sequestrada pela roleta do Facebook!
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Ninguém está por inteiro nesta era errática de centralismo digital, e, como eu ia dizendo, me irrita disputar a atenção com uma tela de poucas polegadas, nos levando ao bizarro da urgência por dar um passo atrás. A onda agora são as novas técnicas de higienização digital, em que novas gerações vão frequentar não apenas escolas, mas grupos como “Internéticos Anônimos”, rogando para que possam livrar-se da compulsão pelo gadget “só por hoje”.
Num excelente artigo publicado na Folha de S.Paulo, intitulado “Sereias digitais, vício em tecnologia e dicas para um uso saudável da internet”, Ronaldo Lemos fala de um movimento de desapego ao celular, similar ao “slow food”, que combate o jeito americano de correr com tudo.
Não temos dúvida de que, no caso do vício pelo smartphone, a abstinência, de fato, exclui e segrega, mas o exagero, por outro lado, torna o uso da tecnologia algo tão perigoso quanto álcool ou outros tipos de drogas! O problema é a dose!
O Papo de Futuro fica por aqui, com a receita do dia: até chocolate pode matar, mas internet demais, também emburrece!
Fale com a gente: papodefuturo@camara.leg.br
<<O dever da felicidade na sociedade da irritação e do suplício, na fábula moderna da internet