Clique abaixo para ouvir o comentário de Beth Veloso veiculado originalmente no programa “Com a palavra”, apresentado por Mariana Monteiro e Márcio Salema na Rádio Câmara:
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Alto, magro, de olhos claros e… fogoso!!! Uau!!! Ou talvez gata, intelectual, descolada, e corpo de melancia. Não, não estou lendo a sessão de prestação de serviços sexuais dos classificados. Ahhh, isso virou coisa do passado, comeu poeira. Os perfis acima estão nos diversos sites de namoro na internet. Eu sei que hoje o mundo virtual mistura sexo com amizade, e um tanto de pegação, mas acreditem… namorar na web pode dar até casamento…
Os sites modernos de namoro estão validando um mundo que estava na clandestinidade dos filmes de drama, num belo clichê marido-carente-de-sexo-buscando-aventuras-na-internet. Hoje não é mais assim. Por mais que ainda haja preconceito, os chats de paquera podem ser bem picantes, sem descambar para o sexo mais barato e vulgar.
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Outro dia eu perguntei num grupo de colegas, no meio virtual: você já namorou na internet? Recebi uma única resposta! Sim, as pessoas não são apenas tímidas por terem que recorrer a um ambiente virtual nessa difícil tarefa de encontrar a alma gêmea. Têm vergonha e receio de encontrar o chefe, o vizinho, ou aquela tia distante e carola, ou até mesmo o ex-companheiro. Pense bem que saia justa! Já imaginou dar de cara com a ex-mulher num Tinder da vida, um dos aplicativos mais conhecidos nesses terrenos da busca amorosa?
Soube de uma história em que marido e mulher, insatisfeitos com o casamento, resolveram partir para a paquera virtual, criaram perfis falsos e saíram rodando a bolsinha por aí. Se curtiram, começaram a conversar e, quando se encontraram, ficaram chocados – e zangados – com a coincidência: simplesmente se apaixonaram um pelo outro pela segunda vez, coisa do destino, não? Mas a confiança se quebrou e não sei como terminou a história. Pois na internet rola sim química, empatia, e uma espécie de “olho no olho” na forma de palavras. Muitas vezes, com dois cliques, você já percebe que aquele cara não tem nada a ver com você.
Um amigo meu – empresário bem-sucedido que produz revistas sobre tecnologia vendidas eletronicamente em mais de dez países – fez um diagnóstico aterrador: seu critério básico de busca não é o tamanho da cintura ou o sorriso mata leão, mas o português!!! É onde as meninas e os rapazes deslizam mais na paquera eletrônica. Basta escrever cheguei com “x”, e, meu Deus, o romance acabou!!!
Para muitos, o maior medo na tal “internet pegação” não é encontrar um tarado pela frente: é pouco provável que um serial killer tenha paciência para a ralação que é ficar conversando com dez meninas ao mesmo tempo, naquele papo amarrado de: “o que você faz?”, ou onde você mora, e blá blá blá. O risco maior é pegar um canhão no meio encontro, e você acaba morrendo de decepção, e não de verdade, ao descobrir que aquela foto do gato era de 20 anos atrás!!!
Não tem dica para quem quer se aventurar nas ondas dos namoros na internet, mas sei de uma quarentona muito enxuta que vai se casar em Portugal no próximo mês, feliz da vida com seu novo companheiro português, que fisgou ao disputar com as lindas meninas polonesas, russas ou búlgaras. Ponto para o Brasil ao conquistar o coração do fidalgo português que mora em Viseu, no centro de Portugal.
Para quem já passou da idade do “e aí, gata?”, a internet e sua economia de nichos oferecem uma vantagem competitiva fantástica: você pode escolher o seu parceiro, ou melhor, potenciais parceiros, com poderosos filtros de seleção, como idade, sexo – isso mesmo, para os homoafetivos -, profissão, cor da pele, altura e, até mesmo, é claro, conta bancária!!! É o amor na sua dose mais pragmática, você só verá ou será visto dentro dessa moldura do príncipe ou da princesa que, via de regra, não existe na vida real!!! É claro que o risco de ficar chupando o dedo é enorme, ou, até mesmo, adquirir uma LER – lesão por esforço repetitivo – , por tanto cliques para dispensar as opções do cardápio erótico-afetivo à sua frente.
Os especialistas no amor digital têm algumas regras e derrubam alguns chavões. Número 1: pára de besteira, há muito mais do que sexo casual na paquera virtual. Homens e mulheres são carentes e todos desejam um bom abraço e adorariam encontrar um parceiro legal e fiel. Tudo igual neste quesito! É claro que a lei da oferta e da procura atrapalha essa conta de somar. Quando mais assediado o cara, ou a garota, mais efêmero é o contato. Busque pessoas reais, e não um rosto bonito, se não quiser perder tempo no terreno da magia eletrônica!!! Ou então você pode criar a sua garota digital, linda, de franjas, cabelos cor de ébano, curvas de fórmula 1, e submissa ao extremo, mas sem cheiro, sem textura, sem gosto, enfim, um tédio para os sentidos, puro botox digital.
Para bancar o cupido virtual, eu daria uma boa dica para quem quer trocar a mesa do bar por um teclado em forma de coração, e eu até recomendo que você faça isso: o resultado pode ser muito mais eficaz. Mas o tesão, neste caso, deve sair do visual para o mental! Nada substituiu um bom bate-papo, por alguns dias seguidos, antes do primeiro encontro. Afinidade, empatia, bom humor, uma boa dose de educação são essenciais para qualquer vida a dois em direção aquele que a sociedade ocidental idealizou como felicidade!!!
Como todos nós sabemos, os tempos de Barbie e Falcon acabaram. Hoje em dia, até mesmo as bruxinhas podem ser encantadoras. Elas só precisam encontrar o seu Merlin, o mago mais famoso de todos os tempos! Na rede de relacionamentos que é a internet, você pode se casar, descasar, juntar ou fazer juras eternas de amor!!! Mas uma coisa é certa: só fica sozinho quem quer!!!
Mande suas dúvidas e sugestões para papodefuturo@camara.leg.br
Coluna produzida originalmente para o programa Papo de Futuro, da Rádio Câmara. Pode haver diferença entre o áudio e o texto.
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