A semana na CPI da Covid começa com o depoimento da secretária de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, nesta terça-feira (25). A expectativa dos parlamentares é confrontar as falas e ações da médica, conhecida como “capitã cloroquina”, em defesa de um medicamento sem eficácia científica contra o coronavírus durante a pandemia.Enquanto isso, fora da CPI, residentes em diversas áreas da saúde pública aguardam o fim do depoimento para resolver um impasse que tem paralisado o atendimento médico em meio ao caos da saúde.
Com bolsas e bonificações em atraso, uma campanha vacilante de imunização contra Covid-19 para esses profissionais e falta de representação nas discussões, a área estava em greve até a última sexta-feira (21). O braço do Ministério da Saúde responsável por administrar esses pagamentos é justamente a secretaria comandada pela “capitã cloroquina”. Representantes dos profissionais residentes tentaram uma conversa com Mayra Pinheiro para chegar a um acordo, mas a única agenda que eles conseguiram foi para o dia 26 no Ministério da Saúde.
Alice Mogadouro, que integra o Colegiado Nacional do Fórum Nacional de Residentes em Saúde, explicou que algumas demandas acabaram resolvidas mesmo com a impossibilidade de negociação entre as partes.
“As demandas não foram atendidas 100%”, explicou Alice. “Várias bolsas caíram de fato, e algumas não; as bonificações, de um programa chamado ‘Brasil Conta Comigo’ estão bastante atrasadas, mais de 500 delas”. Os residentes indicam que as bolsas estariam atrasadas desde o ano passado.
O ‘Brasil Conta Comigo’, programa citado por Alice, é um programa do Ministério da Saúde que busca aumentar o número de profissionais de saúde no atendimento à população vítima da covid-19, no valor de R$667.
Os residentes em saúde, apesar de não estar mais em greve, se mantém mobilizados:
A paralisação não afetou apenas profissionais da medicina, mas também técnicos de enfermagem, nutricionistas, fisioterapeutas e profissionais de educação física que atuam em hospitais públicos no país.
Outras demandas do grupo, como a vacinação de residentes atuantes em hospitais de frente, avançaram apenas depois da greve – que durou, oficialmente, 18 dias. Durante a pandemia, eles ainda tiveram dificuldades em obter equipamentos de Proteção individual (EPI) e precisaram arcar com as despesas pondo dinheiro do próprio bolso.
O retorno ao funcionamento da Comissão Nacional de Residência. Multiprofissional em Saúde (CNMRS) é também uma antiga demanda do grupo – o comitê estaria sem se reunir desde o início do governo de Jair Bolsonaro. “Este espaço está inativo há anos”, disse Vinícius Soares, da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG). “Muitas das coisas que vem acontecendo na residência, que deveria ser debatido dentro dessa comissão, não tem andamento. Era um espaço muito de diálogo e de construção sobre os problemas que a residência enfrenta.”
O Congresso em Foco buscou, em dois momentos, o Ministério da Saúde, para confirmar as acusações feitas pelos residentes e entender como seriam as negociações. Apenas após a publicação da matéria, a pasta se manifestou.
O Ministério declarou que “não reconhece o relato de atrasos quanto aos pagamentos das bolsas aos residentes dos programas financiados pela pasta” e que tais atrasos, que seriam responsáveis por 2% dos atrasos, ocorreriam por inconsistências de dados bancários de médicos e dos programas. A. Secretaria disse também desconhecer que os grevistas estavam de greve, e que estaria em negociações com outra entidade representativa, a Associação Nacional de Médicos Residentes (ANMR), a normalização do pagamento de bolsas e bonificações.
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