Daniella Borges
O retorno do ex-ministro José Dirceu à Câmara foi saudado pela oposição como a queda do ex-todo-poderoso homem do governo Lula. Galerias lotadas, militantes petistas faziam as honras de boas-vindas aos gritos de “Partido! Partido! É dos trabalhadores!”. Enquanto fazia seu primeiro discurso na atual legislatura, Dirceu foi interrompido por um grito que vinha do centro do plenário.
“Terrorista, terrorista!”, repetiu quatro vezes Jair Bolsonaro (PP-RJ), militar da reserva e representante de extrema-direita, referindo-se ao passado do colega. Em resposta, as galerias devolveram: “Fascista, fascista!”.
Dirceu prosseguiu com o pronunciamento. Disse que a essência da democracia é o direito da minoria e que estava ali para buscar o consenso e a convergência. Em seguida, deu a senha para o adversário se manifestar, ao afirmar que quando a convergência não existe é preciso ir a voto. “Você compra voto!”, gritou Bolsonaro, sem usar o pronome de tratamento geralmente utilizado entre parlamentares.
A partir daí foi um festival de agressões verbais e até mesmo físicas. Carlito Merss (PT-SC) garante ter levado um soco de João Fontes (PDT-SE). Golpe que o pedetista nega ter desferido. A deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) estourou um saco que Bolsonaro exibia com a inscrição "mensalão do Lullão", em referência ao ex-presidente Fernando Collor.
Novamente, o temido Conselho de Ética foi mencionado para enquadrar o deputado Bolsonaro. Nada aconteceu.