Juan Quirós*
A construção civil brasileira desfruta de amplo reconhecimento internacional, pela tecnologia de ponta e experiência, incluindo as grandes estruturas e obras, como aeroportos, portos, terminais rodoferroviários, hotéis, rodovias, fábricas, estádios, túneis, ferrovias e shopping centers. Ou seja, tudo o que precisamos para abrigar com sucesso a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016, resgatar nosso inaceitável gargalo na infraestrutura e ampliar o número de construtoras na prospecção do mercado externo, apoiando sua internacionalização.
Entretanto, o atraso nos cronogramas relativos à preparação para as duas grandes competições internacionais deve servir de alerta ao governo brasileiro, no sentido de que é importante potencializar a necessidade e a oportunidade de utilizarmos a expertise de nossa indústria da construção para ganhar mais espaço no atendimento à grande demanda internacional do setor. Podemos, até mesmo, multiplicar a exportação desses serviços de alto valor agregado.
Muitas empresas brasileiras já alcançaram padrão mundial de eficiência, estando aptas a investir, conquistar mercados e manter filiais ou subsidiárias em outros países. É muito importante para o país, com o suporte do BNDES, consolidar organizações globais. É primordial criar uma base mais ampla de grandes e médias empresas nacionais que também possam participar de maneira ativa desse processo. Uma nação como o Brasil não pode ter poucas companhias representativas e estas não devem inibir o crescimento de numerosas emergentes, que pedem e querem igualdade de tratamento, inclusive em nossa urgente demanda com relação à Copa da FIFA e à Olimpíada.
O tempo urge. É preciso arregaçar as mangas e realizar o trabalho, em especial no tocante aos aeroportos, o mais sensível segmento das obras, ao qual se subordina toda a logística de movimentação de passageiros e cargas. Nesse sentido, parece muito pertinente a instituição, pela presidente Dilma Rousseff, da Secretaria de Aviação Civil, para formular, coordenar e supervisionar as políticas públicas ligadas ao desenvolvimento da aviação civil e infraestrutura aeroportuária.
O fato mais promissor atrelado à criação do órgão, ao qual ficam subordinadas a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e a Infraero, é o modelo doravante adotado, de concessões dos terminais à administração privada. Mesmo que a transição seja lenta, cautelosa e paulatina, a participação de empresários no processo, somando-se aos gestores do setor público, contribuirá para agilizar obras, ampliar a eficiência dos investimentos, reduzir a burocracia e impedir um caos aéreo a partir do momento em que as seleções de futebol e os torcedores/turistas de todo o mundo começarem a desembarcar no Brasil em 2014.
A estimativa é de que haverá, na Copa do Mundo, a circulação extraordinária de 600 mil visitantes internacionais e três milhões de brasileiros. Há, ainda, o crescimento natural do número de pessoas transportadas, cuja média em nosso país varia entre 10% e 12% ao ano. Recente relatório da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) indica o Brasil como o quarto maior mercado de passageiros domésticos até 2014, com 90 milhões, somente atrás dos Estados Unidos, China e Japão.
Para fazer frente ao denso desafio de atender com eficácia à demanda esperada, os investimentos orçados somam R$ 6,48 bilhões, sendo R$ 5,4 bilhões nos 14 aeroportos localizados nas 12 cidades-sede do Mundial da Fifa, que movimentam cerca de 83% do tráfego aéreo nacional. Do aporte total de dinheiro, 61% são provenientes da própria Infraero, agora subordinada à nova SAC, e 49% advêm dos recursos diretos da União.
Temos recursos, tecnologia, empresas competentes e demanda. Assim, não podemos ficar patinando em nossas próprias indecisões. Portanto, espera-se que a criação da SAC vença a morosidade e a burocracia, demonstrando ao mundo que somos capazes de sediar com louvor a Copa do Mundo e a Olimpíada, erigir infraestrutura de nação desenvolvida e ampliar nossa presença no mercado internacional da construção de grandes estruturas.
*Empresário, presidente do Grupo Advento e vice da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e da ABDIB (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base)
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