Heitor Diniz*
Um dos assuntos mais comentados nesta semana tem sido o “acordo” bilionário entre Brasil e França, que resultará na vinda de equipamentos militares e tecnologia diretamente do país de Sarkozy.
Entre caças, helicópteros, submarinos e outros brinquedos irados, Lula sonha alto para defender o que vem de baixo, mesmo que ainda se trate “apenas” de um “pré-petróleo”. Como brinde e consequência do “negoção”, dá ainda o seu recado aos insubordinados e abestalhados companheiros presidentes de alguns países vizinhos, para que guardem as suas patetadas e verborragias dentro de suas fronteiras.
Mas a França não inspira apenas a compra de caças e tecnologias militares. O país de Sarkozy é também o país dos amantes, dos suspiros apaixonados e romances tórridos.
Não seria por acaso se também tivesse inspirado algumas comprinhas muito libidinosas da Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo: de 2004 até este ano, pregões promovidos pela secretaria já adquiriram um total de 17.717 unidades de Viagra (!), a um custo total de R$ 303.537,87.
Só a Direção Regional de Saúde de Mogi das Cruzes comprou 3.120 unidades do comprimido, pelos quais foram pagos R$ 57.066,00. Nesse caso, todas as compras ocorreram em 2006, em três pregões diferentes.
Bauru não ficou muito atrás. Lá, foram 2.438 comprimidos, a um custo total de R$ 45.488,08.
Mas nenhum pregão chama mais a atenção do que o ocorrido em 27/05/2008, vinculado ao gabinete do secretário e assessorias. Por ele, foram adquiridos 4.500 comprimidos de 25 mg e 6.544 de 50 mg. Custo: R$ 181.149,32.
OK, OK! É fato que o Viagra passou a ser indicado para o tratamento de hipertensão arterial pulmonar, graças à sua propriedade vasodilatadora. No entanto, caro contribuinte paulista, a pergunta que não quer calar: foi bom para você?
Bem, o fato é que, com ou sem caças franceses, tem muita gente por aí se sentindo nas nuvens, graças ao generoso mercadão do dinheiro público.
*Jornalista em Belo Horizonte, mantém coluna no seguinte endereço: www.uai.com.br/cronicapolitica.