Partiu, no dia 2 de maio, o meu querido amigo Dom Tomás Balduíno, aos 91 anos de idade. Sua vida profética foi fecunda em defesa dos povos indígenas, dos camponeses, da Igreja dos pobres. O dominicano Tomás, agora, eterniza-se na glória e, enxutas as lágrimas, terá perene e luminoso sorriso. Seu corpo fertiliza a terra da cidade histórica de Goiás, onde foi bispo.
Em plena ditadura, Dom Tomás enfrentou ameaças e interesses poderosos para ajudar à mobilização dos setores excluídos da população brasileira, em luta pela terra. Foi ator fundamental da criação do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), em 1972, e da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em 1975. Interessava-se tanto pelos povos nativos que chegou ao ponto de dominar algumas de suas línguas – mas não para dominá-los e sujeita-los à cultura branca nem sequer à católica, porque ele vivia numa dimensão libertadora.
Nos últimos anos de vida, Dom Tomás manteve, além de sua vida simples, a altivez e combatividade diante do poder. Nonagenário, mesmo com frágeis condições de saúde, combateu o bom combate até o fim.
Concluímos com o poeta Pedro Tierra, que diz, na última estrofe do seu poema do dia 3 de maio, dedicado a Dom Tomás:
“Calou-se a voz de Tomás Balduíno.
Permanecerá sua palavra.
Tomás é sertão:
Publicidadegesto de fé nessa gente que não se dobra”.