Marcus Eduardo de Oliveira*
Sustentável, estável, durável e ecologicamente correto. Parcimonioso para com a natureza visando assim assegurar vida plena. De forma concisa e sem delongas, é por meio desses conceitos (que melhor seria chamá-los de filosofia ecológica) que a vida – o bem mais valioso que nos foi dado – deve ser enxergada e ensinada.
Partindo dessa abordagem, de resguardar e preservar a vida qualitativamente, devem nossos alunos ao ingressarem na escola se dar conta de que possuem uma relação muito especial para com a natureza.
Desde os primeiros contatos com a prática de ensino-aprendizagem, os alunos precisam ser informados conceitualmente que a verdadeira qualidade de vida só é possível mediante a preservação ambiental. Mais tarde, quando na prática entenderem o significado de um sistema econômico, saberão ao certo que a produção, para que aconteça a contento, precisa (e deve) ser combinada com a idéia da preservação. Assim, lá na frente, nossos futuros jovens profissionais terão ciência para discernir que a economia (ciência e atividade produtiva) deve se “afinar” com a ecologia para juntas buscarem proporcionar vida com qualidade e qualidade de vida a todos.
Na essência das primeiras tarefas escolares, os alunos precisam ter em mente conceitos como reciclagem e transformação do lixo, reutilização da água, economia de energia, aproveitamento de materiais descartáveis, preservação das espécies, consumo moderado. É desejoso incutir no imaginário da garotada a idéia central da necessidade de termos um “Futuro Comum”. Por que isso? Simplesmente porque a decisão de cada um, mesmo ainda na fase da infância e da pré-adolescência, se baseia num amplo processo de escolhas. E essas escolhas esbarram na necessidade de se pensar a vida no futuro.
Enquanto não houver consenso que nossas necessidades atuais para serem atendidas devem passar pelo irrestrito respeito ao meio ambiente, permitindo com isso que as gerações vindouras também tenham chance de participar do processo de escolhas, nosso dito “futuro” corre sério risco de ser algo nada agradável.
Dessa forma, a idéia de sustentabilidade é, grosso modo, olhar para o futuro para que tenhamos plenas e dignas condições de sobrevivência. Para que isso ocorra, nada melhor que trabalhar logo nos primeiros anos de ensino-estudo-aprendizagem, conceitos fundamentais de preservação ambiental incutindo no dia a dia dos alunos o cabedal da pedagogia ecológica.
É fundamental, nesse sentido, repensar e discutir com a geração que certamente fará o mundo se movimentar no desenrolar desse século XXI os atuais padrões de consumo e todas as alterações climáticas envolvendo escassez de água, seca, aquecimento global e a extinção de plantas e animais.
Nossos alunos, no momento certo, devem começar a ser informados da existência de um sistema econômico que no ato de produzir qualquer coisa perturba e destrói os sistemas naturais da Terra.
Contudo, não é necessário nem recomendável, evidentemente, aprofundar-se conceitos como a existência de limites naturais ou mesmo da “pegada ecológica”. Deve-se apenas – e tão somente -, nos estudos iniciais, reforçar a idéia crucial que para se produzir algo a economia precisa antes salvaguardar o meio ambiente; caso contrário não haverá continuidade. Isso é tarefa e compromisso que também cabem a cada aluno no trato diário de seus afazares.
Entendemos que nesse pormenor se encaixa perfeitamente a idéia de trabalhar com o alunato conceitos de uma economia sustentável e ambientalmente saudável, implicando parcimônia no uso dos recursos naturais. A idéia central aqui defendida, baseando-se nos pontos principais que norteiam a “pedagogia ecológica” como pano de fundo, é que o alunato não perca de vista que, por trás de todos esses conceitos e preocupações ecológicas mencionadas, é a vida (e somente a vida) que estamos discutindo. Vida essa que para ser essencialmente bem vivida, deve antes ser recheada de qualidade e bem-estar. E qualidade e bem-estar na vida de qualquer um, pensando primeiramente no ar que respiramos, na água que bebemos, nas frutas que comemos, na saúde que teremos, independente da condição sócio-econômica, passa pela única porta de entrada para isso: respeitar o ambiente para salvá-lo de nossa brutal agressão.
*Economista e professor de economia da FAC-FITO e do UNIFIEO, em São Paulo. Membro do GECEU – Grupo de Estudos de Comércio Exterior (UNIFIEO) e articulista do Portal EcoDebate, do site “O Economista” e da Agência Zwela de Notícias (Angola). Twitter: http://twitter.com/marcuseduoliv
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