Costumam dizer que as crianças são o futuro do mundo. Mas quando se trata de mudança de hábito, creio que elas estão mais para o presente. Mudar costumes e manias de uma criança é infinitamente mais fácil do que de um adulto, e isso porque (num linguajar moderno) o HD dos pequenos ainda não está tão lotado de informações e (pré-)conceitos como o dos adultos.
Foi de olho nessa fatia da sociedade e nesse enorme potencial de mudança de hábito, que o Instituto Akatu pelo Consumo Consciente lançou nesta semana o portal Akatu Mirim. Iniciativa inédita, o portal merece destaque, pois se apresenta como uma fonte criativa para chamar a atenção do público mirim para o consumo consciente.
O portal é dividido basicamente em quatro seções jogos, vídeos, atividades e mural , em que as crianças vão interagindo e se familiarizando com conceitos como redução de consumo e carona solidária. A intenção, segundo o instituto, é desenvolver nas crianças o consumo consciente e instigar que elas mesmas busquem soluções mais sustentáveis para o seu dia-a-dia.
No site, a criança descobre, por exemplo, de onde vem o petróleo, para que serve esse minério, e qual é a importância do consumo consciente dos seus produtos derivados. Ela passa a saber que, além dos combustíveis, o petróleo está presente nas roupas, nos equipamentos eletrônicos, no chiclete, e que o descarte de produtos feitos a partir do petróleo não tem sido correto. A criança é chamada a pensar novas possibilidades.
E qual a importância disso? Por que destacar essa iniciativa? Para os mais resistentes a mudanças (e talvez para os pessimistas), a ideia de um site para crianças sobre consumo consciente pode parecer mais uma tentativa de responsabilizar os cidadãos quanto à preservação dos recursos naturais (responsabilidade essa que, supostamente, deve ser depositada no governo).
Um olhar mais amplo, no entanto, pode ver a iniciativa como um caminho de mudança nos padrões de comportamento insustentáveis da sociedade atual. Investir na educação infantil a partir do consumo consciente num modelo informal e lúdico pode significar o nascimento de um novo padrão social, menos consumista e menos predatório. Portanto, a iniciativa merece divulgação e aplausos.