Tudo ou nada
Dois réus do mensalão no exercício do cargo de deputado, João Paulo Cunha (PT-SP) e Valdemar da Costa Neto (PR-SP), descartam qualquer hipótese de renunciar para tentar preservar os direitos políticos. Vão enfrentar o julgamento confiantes na absolvição. Uma eventual condenação traria como pena complementar a perda de dois anos e meio de mandato. Conforme a Constituição, a cassação se daria por um ato simples da Mesa Diretora da Câmara e sem direito a recurso, já que o julgamento no Supremo termina com decisão definitiva.
Caixa 2
Costa Neto reelegeu-se em 2010 graças à artimanha da renúncia, formalizada assim que seu nome surgiu no escândalo, em 2005. Foi o primeiro a admitir ter recebido recursos “não contabilizados” do diretório nacional do PT. Mas acha que incorreu em crime eleitoral e não em corrupção passiva ou formação de quadrilha.
Confiante
João Paulo Cunha foi absolvido no plenário da Câmara e reelegeu-se em 2006 e 2010. Candidato à Prefeitura de Osasco nestas eleições, corre risco duplo se for condenado no STF. Caso seja eleito agora e a Lei da Ficha Limpa for mesmo aplicada como quer a presidente do TSE, Cármen Lúcia, não será diplomado.
Revolta da toga
O pleito por melhores salários na magistratura convenceu o presidente do STF, ministro Ayres Brito. Ele diz que já é tempo de “despendurar” os juízes do cheque especial e dos cartões de crédito.
Casa dos horrores
O governo paulista deverá autorizar o tombamento de um simbólico prédio, na Rua Tutóia, 921, em Vila Mariana, Zona Sul da capital. Na estimativa do Ministério Público Federal, lá dentro morreram 60 militantes da esquerda listados como desaparecidos. Outras centenas de presos políticos foram barbaramente torturados.
Descrição
“Era o centro de tortura mais pesado do país. Lá você deixava de ter identidade e só ia existir legalmente quando chegasse ao Dops”. O relato é de uma ex-integrante da VAR Palmares, a presidente Dilma Rousseff em depoimento só revelado há poucos dias.
Fantasmas
O prédio que pode virar patrimônio histórico é a antiga sede do Doi/Codi do II Exército, da Operação Oban e endereço do 36º DP paulistano. Dilma foi levada para lá em 16 de janeiro de 1970, ao ser presa. Policiais relatam que o local é assombrado. À noite, dizem, aparecem vultos e ouve-se barulho de correntes.
Verdade
Os gastos da Comissão Nacional da Verdade estão sendo bancados pela Casa Civil da Presidência da República. Em 2013, a comissão terá orçamento próprio, mas o montante ainda está sendo mantido em sigilo.
Sem interferência
O presidente da CPI do Cachoeira, senador Vital do Rego (PMDB-PB), diz que não permitirá que as eleições municipais interfiram nos trabalhos da comissão.
Descanso para poucos
O recesso deste ano só será aproveitado como férias pelos deputados e senadores do Distrito Federal, única região do país que não terá eleição. No resto do país, quem não está ocupado com a defesa do mensalão mergulhou na campanha.
Ausência
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, frustrou a comunidade científica ao avisar que não estará presente na abertura da 64ª reunião anual da SBPC, neste domingo em São Luís, no Maranhão. O evento ocorre na Universidade Federal e ele teme que, diante do movimento grevista, se torne alvo de protesto.
Inclusão social e ciência
Mercadante já não é mais o mesmo. E perde uma a oportunidade. Este ano a SBPC optou por incorporar em sua seleta agenda o debate que privilegia os saberes tradicionais no enfrentamento a pobreza.
Assentamentos
Os governos Lula e Dilma têm números bem diferentes sobre reforma agrária. No primeiro ano, o ex-presidente assentou 36.301 famílias. No mesmo período Dilma assentou 22.021.
Agronegócio
O presidente do Incra, Celso Lacerda, caiu sem conseguir a chancela presidencial no projeto de reestruturação da autarquia, destinado a dar mais musculatura à reforma agrária. Sua assessoria acha que quem deve estar rindo à toa é a senadora Kátia Abreu (DEM-TO), a mais poderosa opositora de movimentos sociais como o MST, derrotado com a saída de Lacerda.
Pressão
Um grupo do Ministério Público Federal pressiona para que o governo aceite a imprescritibilidade dos crimes contra a humanidade, mandando apurar as responsabilidades pelas torturas e desaparecimentos na ditadura, ou declare que a convenção da OEA é inconstitucional.
Moita
O problema é que o Brasil é signatário dos tratados, mas não cumpre e nem retira a assinatura. O país foi condenado na OEA pelas violações durante a Guerrilha do Araguaia.
Com Gilmar Correa e Marcos Seabra
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