Márcia Denser*
Por que perdemos a capacidade de nos indignar diante do fato de se premiar sujeitos como Roberto Jefferson com uma aposentadoria de 9 mil reais, enquanto para a maioria dos bons profissionais – gente admirável, como tu e eu – aposentar-se representa antes um castigo que nos relega a uma sub-vida, um sub-horizonte do teto máximo de dez mínimos depois de 30/35 anos de trabalho?
Faz sentido um professor universitário com títulos de mestre, doutor, encargos familiares etc., empregado da iniciativa privada, ter que dar 40 aulas semanais até morrer se quiser receber aqueles mesmos 9 mil reais dados de presente ao ilustre senhor Roberto Jefferson por 16 anos de inestimáveis serviços prestados à nação? Hein?
O que você acha? Vamos, responda rápido!
Não acha que isso tem algo a ver com o fato de o Brasil ter uma das piores distribuições de renda do mundo, à frente apenas de dois protetorados africanos, segundo dados recentes do Banco Interamericano de Desenvolvimento, BID? Além de ser um dos campeões mundiais no ranking da corrupção? Hein?
Agora, adivinhe quem paga por isso, baby? A conta da corrupção, a conta por viver permanentemente “de touca”, alienado dos próprios direitos?
Vamos, faça uma forcinha, não é difícil… (a propósito, também somos péssimos em vestibular).
Aliás, falando em África & Brasil, você sabia que nos países em que o imperialismo estrangeiro continua sendo o verdadeiro senhor da economia, chegou-se a um estágio em que os compradores recebem, a título de compensação pela aquisição de produtos locais, a propriedade de um Estado independente perante as massas locais, mas não perante o imperialismo?
Que nesses países – ou seja, aqui – constitui-se uma burguesia artificial que não é capaz de acumular, mas que simplesmente dilapida tanto a parte de mais-valia do trabalho local quanto os subsídios estrangeiros que recebem dos países protetores?
PublicidadeAgora, esculhambando: sabia que o próprio BID já anda de saco cheio de mandar dinheiro e o negócio não dar ibope?
De forma que você não acha que o presidente Lula não estaria sendo apenas realista (tanto quanto Fernando Henrique ou Collor) ao informar que o importante é a economia ir muito bem, obrigado, pois todo o resto é de somenos?
Mas que economia, cara pálida? A sua? A dele? Responda rápido! (Valendo uma touca de banho do mais fino poliester pós-motel ou um chocalho multiglobalizado com ships descartáveis).