A direitalha, com o patético Reinaldo Azevedo à frente (vide aqui), comemora a apreensão de parte das armas que bandidos roubaram do falecido coronel Paulo Malhães e o laudo do Instituto Médico Legal, segundo o qual o dito cujo morreu de infarto do miocárdio.
Companheiros mais simplórios parecem haver acreditado que qualquer Brilhante Ustra da vida tivesse ido pessoalmente ao sítio do ogro para fazer o serviço.
Eu, desde o primeiro momento (vide aqui), afirmei ser muito mais plausível que, nos dois episódios idênticos (o de Malhães e o de Molina Dias), os veteranos da repressão ditatorial houvessem municiado e insuflado meros marginais, induzindo-os a tirarem as castanhas do fogo no lugar deles. Fazia mais sentido e, repito, os dois universos, o dos criminosos políticos e o dos criminosos comuns, sempre foram vasos comunicantes.
Quanto a Malhães ter infartado, hipótese sempre presente quando um septuagenário passa por uma forte emoção, quem garante que não o teriam matado da mesma forma sem a providencial ajuda do destino?
Conhecendo como conheço os personagens em questão, eu sustento que uma ocorrência odessas, no momento em que mais convinha para a corja do DOI-Codi a queima do arquivo, seria suspeitíssima; já a moeda cair em pé duas vezes seguidas é, simplesmente, inacreditável. Só mesmo com alguém movendo os cordéis por trás das cortinas…
Espero que a Comissão Nacional da Verdade não recue de sua exigência inicial de que tal homicídio fosse investigado a fundo. Se engolir de novo gato por lebre, nenhum ex-torturador (seja como uma forma de desafio arrogante ou por querer fazer as pazes com Deus face à proximidade da morte) ousará, adiante, contar-lhe a verdade.
Preferirá confessar-se ao padre, que é mais seguro…
Publicidade*Celso Lungaretti é jornalista e autor dos blog Náufrago da Utopia