Dois estavam na conta do ex-presidente Lula. Um era indicação do vice-presidente Michel Temer. Outro do presidente do Senado, José Sarney. Um era indicação partidária, do PR e de seu comandante, Valdemar Costa Neto. Orlando Silva, do Esporte, que balança, é uma indicação de seu partido, o PCdoB, que agora briga por ele.
Por sugestão do leitor João Paulo Mesquista, pelo Twitter do Congresso em Foco, publicamos abaixo como se deu o apadrinhamento de cada um dos ministros enrolados de Dilma Rousseff, Orlando Silva e os cinco que deixaram o governo:
Na conta de Lula:
Antonio Palocci (Casa Civil)
No começo do primeiro governo Lula, Antonio Palocci era a companhia constante do presidente nas caminhadas que ele fazia pelos jardins do Palácio da Alvorada. É uma demonstração do grau de amizade e de afinidade entre Lula e aquele que, na época, era o seu ministro da Fazenda. Palocci acabou caindo do ministério depois da quebra do sigilo fiscal do caseiro Francenildo dos Santos, que denunciara que ele era freqüentador assíduo de uma casa no Lago Sul utilizada para encontros e negociações suspeitas. Palocci respondeu na Justiça pelo envolvimento com o caso. Absolvido, Lula iniciou uma forte operação para reabilitá-lo. Palocci voltou como coordenador da campanha de Dilma. Tornou-se, então, o todo-poderoso ministro da Casa Civil. Até descobrir-se que ele, no período em que ficou fora do governo, tivera um enriquecimento imenso, com o faturamento absurdo de sua empresa. Na sua segunda chance de ser um ministro poderoso, Palocci caiu de novo.
Nelson Jobim (Defesa)
Nelson Jobim foi outro nome que Dilma engoliu por respeito a Lula. Desde o início, ela não o queria no Ministério da Defesa. Antes de tomar posse, ela chegou a dizer ao então ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, que ele seria o ministro da Defesa. Lula pediu a Dilma que mantivesse Jobim. No cargo, o ministro foi dando seguidas mostras de falta de sintonia. Numa homenagem ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de quem foi ministro da Justiça, fez rasgados elogios a ele. Depois, confessou que votou em José Serra, e não em Dilma, nas eleições de 2010. Ao final, criticou as duas ministras do círculo de confiança de Dilma, Ideli Salvatti, das Relações Institucionais, e Gleisi Hoffmann, da Casa Civil. Foi sumariamente demitido.
Na conta de José Sarney:
Pedro Novais (Turismo)
Antes mesmo de tomar posse, Pedro Novais envolveu-se num escândalo. Descobriu-se que ele usara a sua verba de deputado para pagar uma despesa num motel. Essa foi sua carta de apresentação para Dilma, que apenas uma vez recebeu Pedro Novais em audiência. Oficialmente, Novais foi uma indicação da bancada do PMDB na Câmara. Mas qualquer parede do Congresso Nacional sabe que, na verdade, o deputado maranhense estava na cota do presidente do Senado, José Sarney. Novais acabou caindo a partir de uma operação da Polícia Federal , que prendeu boa parte do staff do ministério, numa investigação sobre um esquema de corrupção em convênios.
Na conta de Valdemar Costa Neto e do PR:
Alfredo Nascimento (Transportes)
Dilma herdou Alfredo Nascimento do Ministério de Lula. O ministro, atual senador, era a indicação oficial do PR, especificamente do grande comandante do partido, Valdemar Costa Neto. A descoberta dos problemas no ministério iniciou-se com a ministra do Planejamento, Mírian Belchior, que identificou várias situações de superfaturamento, sobrepreços e outras irregularidades em obras. Mírian passou as informações a Dilma, que convocou os secretários do ministério para uma reunião, da qual Alfredo Nascimento não compareceu, para cobrar deles o fim das irregularidades. A informação sobre a reunião foi obtida pela revista Veja, que somou a ela dados sobre a existência de um esquema de corrupção no ministério, que seria comandado por Valdemar Costa Neto. Alfredo Nascimento deixou o ministério.
Na conta de Michel Temer:
Wagner Rossi (Agricultura)
O deputado do PMDB de São Paulo foi indicação do vice-presidente Michel Temer. Seus problemas começaram numa briga interna no PMDB. Oscar Jucá Neto, irmão do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), diante de interesses contrariados, denunciou a existência de um esquema de corrupção na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Em seguida, nova denúncia sobre a atuação de um lobista no ministério levou à queda do secretário-executivo do ministério, Milton Ortolan. O ex-chefe da Comissão de Licitação do ministério, Israel Leonardo Batista, disse em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo que o ministério ficou “corrompido” após a entrada de Wagner Rossi. E o jornal Correio Braziliense mostrou que o ministro e seus familiares voaram num jatinho de um empresário com interesses no ministério. Wagner Rossi pediu demissão diante das denúncias.
Na conta do PCdoB:
Orlando Silva (Esporte)
Dilma queria uma mulher no Ministério do Esporte. Seu nome preferido era o da ex-prefeita de Olinda Luciana Santos. Ela também cogitou para o cargo a deputada Manuela D’Ávila (PCdoB-RS). Mas o comando do PCdoB insistiu na permanência de Orlando Silva, que era o ministro no governo Lula. Já era intenção de Dilma substituí-lo na reforma ministerial que ela pensa fazer no início do ano que vem. Envolvido com denúncias de corrupção em convênios do seu ministério com ONGs, Orlando Silva resiste. Na semana passada, ele teve reunião com Dilma, que o manteve no cargo.
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