Synésio Batista da Costa*
As origens da Fundação Abrinq remontam do início da década de 90, quando as mazelas de nossa sociedade eram ainda mais agravantes do que nos dias de hoje. Os indicadores brasileiros – especialmente de educação e saúde – e a perspectiva sombria para o futuro das crianças, caso fossem mantidos os padrões e modelos de desenvolvimento em vigor, sensibilizaram lideranças empresariais da maior cidade da América do Sul, São Paulo, levando-as à ação exatamente no período de redemocratização e rearticulação dos movimentos sociais e, pela primeira vez na sua história, vemos nascer uma organização especificamente voltada para os direitos de crianças e adolescentes.
Não era mais possível ficar de braços cruzados esperando que o poder público resolvesse a questão. Era preciso fazer algo. Essa postura nasce da convicção de que a responsabilidade pela infância não é só dos governos, mas de todos, de toda a sociedade!
O Brasil, que hoje é a 6ª economia do mundo, conta com imensos recursos materiais, conhecimentos, competência e sensibilidade de muitas pessoas, organizações sociais e empresas. O que nos propusemos a fazer foi canalizar esses recursos para onde há carências e articular redes e parcerias de apoio. Isto só foi possível agindo com transparência, competência e genuíno compromisso com a causa. Foi o que fizemos.
Se tivéssemos melhorado a vida de uma só criança já teria valido a pena. Nesses 22 anos, foram muito mais. Já se somam mais de 7 milhões de crianças e adolescentes beneficiados. Foram 22 anos de propostas de solução, criando e oferecendo canais de participação dentro da ótica do “dá prá resolver”.
Apesar de termos muitos desafios pela frente, somos otimistas com relação ao futuro, e isso vem da certeza de que estamos no caminho certo, buscando influenciar políticas públicas, usando como instrumentos ações referenciais de impacto significativo, a mobilização da sociedade e a pressão sobre governos e parlamentares. Acreditamos em um modelo de sociedade onde efetivamente se dê uma parceria entre empresas e sociedade civil, entre setor público e o setor privado, em prol do bem comum. Fazemos dessa utopia nossa prática cotidiana.
Nosso desejo é o de sermos protagonistas do futuro do Brasil que será Amigo da Criança, pois terá 100% das crianças matriculadas em creches e escolas de qualidade, livres do trabalho infantil, com registro civil, bem nutridas, protegidas de qualquer forma de violência ou opressão. Enfim, que crianças e adolescentes tenham todos os seus direitos garantidos e possam se orgulhar por fazerem parte de uma das maiores economias do mundo.
Publicidade*Presidente da Fundação Abrinq