Paulo Pimenta *
Neste domingo, quando nos dirigirmos à urna eletrônica, certamente vamos estar reflexivos sobre o momento vivido pelo nosso país a partir dos últimos quatro anos. No início de 2003, o Brasil vinha de um patamar de juros altíssimos, uma crise de credibilidade internacional, a tal ponto que o chamado "risco Brasil" batia na casa dos 2.400 pontos. E, hoje, que quadro nos é apresentado?
Em que pese a má vontade de algumas lideranças políticas que se opõem ao projeto do PT, os avanços não podem ser ignorados. O "risco Brasil" está baixíssimo (na casa dos 200 pontos), a inflação sob controle e os juros em percentual dos mais baixos dos últimos dez anos. Mas, para não ficarmos apenas na linguagem do economês, podemos nos dedicar ao carro-chefe do nosso governo: as políticas sociais. O que mais irrita nossos adversários é que, mesmo sem descuidar de aspectos da macroeconomia do país, conseguimos avançar como nunca nos benefícios às camadas mais necessitadas. O Bolsa Família é apenas o maior exemplo do que foi feito em favor dos mais carentes, mas existe ainda uma vasta lista de outras ações que atendem à maioria que sempre foi renegada por sucessivos governos, em especial nos oito anos dos tucanos, quando a economia do país foi pensada para apenas 30 milhões de brasileiros, da elite capaz de se integrar ao mercado globalizado.
Além de o governo federal ter praticamente dobrado os gastos em saúde, os recursos foram ampliados noutra área fundamental, que é a educação. As universidades federais e as escolas técnicas foram expandidas. Os recursos ao ensino federal estão chegando com mais tranqüilidade, a tal ponto que 36 reitores de um total de 45 instituições federais manifestaram-se pela manutenção do atual projeto no que concerne às universidades. O programa Universidade para Todos (Prouni) é outro exemplo de que "pobre" também pode cursar uma faculdade. No ensino básico, o Fundeb, que está para ser votado no Congresso, representa uma revolução em termos de investimento do governo federal.
E, relacionado a esse processo que inclui uma nova visão sobre o Brasil, em que o país foi colocado numa perspectiva de desenvolvimento autônomo, sem submeter-se aos interesses de governos de nações primeiro-mundistas, com uma economia equilibrada, estabelecendo relações de comércio respeitosas com todos os continentes, devemos destacar a volta do controle da máquina estatal. Foram uma marca da era tucano-neoliberal as privatizações, que dilapidaram o patrimônio público. Os recursos arrecadados com a privataria acabaram destinados a cobrir o rombo da dívida governamental. O governo Lula recuperou a capacidade de investimento do setor público, fundamental como estimulador das economias modernas. Ao contrário de vender o patrimônio das estatais, o governo revitalizou a Petrobras, o setor energético recebeu mais recursos, evitando o risco de novos apagões, mesmo com a economia em crescimento.
No aspecto da busca de fontes alternativas de energia, merece destaque o biodiesel, que, além de ser uma energia baseada em padrões da realidade brasileira, intensifica a cadeia produtiva, gerando milhares de empregos. Mas não pára por aí. A experiência com a instalação de parques eólicos também é outro exemplo de que, num país em que a natureza nos favorece, é possível diversificar as fontes de energia, tornando-as menos degradantes ao meio ambiente e ao mesmo tempo com capacidade inesgotável, ao contrário daquelas oriundas do petróleo.
Podemos concordar, assim como tem feito o presidente Lula, que nem tudo está perfeito. Afinal, fazer em quatro anos tudo aquilo que não se fez em muitas décadas é algo muito difícil, senão quase impossível. Até mesmo no campo da ética e da moral, em que nossos adversários nos cobram muito, é possível ponderar sobre injustiças. O PT sempre foi visto como o partido que cobrava a correção dos demais, e não abandonamos essa prática. Se é fato que muitos companheiros erraram, também é verdade que pagaram ou ainda vão pagar por esses desvios de conduta. O essencial é destacar que o presidente Lula nunca acobertou os erros de ninguém.
Tivemos quatro anos muitos difíceis, em que todos aprendemos o que é governar um país com as dimensões do Brasil, um verdadeiro país-continente. Entretanto, no balanço final, certamente a sociedade, assim como nós, percebeu que acertamos mais do que erramos. E são esses acertos que colocaram o Brasil de volta nos trilhos do desenvolvimento. E essa obra tem um responsável: um humilde retirante nordestino, um ex-metalúrgico, com a sensibilidade e a alma do povo. É por tudo isso que acreditamos que temos o direito de continuar sonhando. Nosso sonho é por um país com igualdade e justiça social.
* Paulo Pimenta, deputado federal pelo PT-RS, é o relator da CPI do Tráfico de Armas.