No longo depoimento do juiz João Carlos da Rocha Mattos, o nome do atual presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Maurício Corrêa, é citado várias vezes em episódios supostamente ocorridos entre 1992 e 1994. Na época, Corrêa era ministro da Justiça no governo do ex-presidente Itamar Franco.
O juiz relata episódios que teriam sido contados a ele pelo atual diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda. Em um deles, conta, Maurício Corrêa teria pressionado Lacerda e o também delegado João Carlos Sanchez Abraços a abandonarem uma investigação que relacionava uma holding chamada Casa Forte com o chamado “esquema PC”.
Lacerda era o presidente do inquérito que investigava o esquema de corrupção atribuído a Paulo César Farias, ex-caixa da campanha presidencial de Fernando Collor de Mello.
Segundo Rocha Mattos, Lacerda revelou que a empresa, supostamente envolvida em algum tipo de irregularidade, deveria sair da órbita das investigações porque “pertencia a um aliado político daquele governo (Itamar Franco) e que havia sido bom aliado na derrubada do governo Collor”.
O juiz afirma que Lacerda e Abraços admitiram “ter redirecionado a investigação” para cumprir a ordem verbal dada pelo ministro Maurício Corrêa.
O delegado Abraços, mencionado por Rocha Mattos no depoimento, afirma que jamais esteve na presença de Maurício Corrêa quando auxiliava Lacerda nas investigações do caso PC.
“Rocha Mattos quer desacreditar o trabalho da PF, desviar as investigações e se vingar de quem ele acha que o traiu”, disse.
Paulo Lacerda, por meio da assessoria da Polícia Federal em Brasília, negou todas as acusações feitas por Rocha Mattos, inclusive o teor de conversas que teria tido com o juiz. Maurício Corrêa classificou a acusação de “absurda”.