Foram três anos para ninguém esquecer. Dos subterrâneos da Esplanada dos Ministérios, emergiram Waldomiros, Valérios, Severinos, mensaleiros, sanguessugas e afins. Do topo para a planície, despencaram José Dirceu, Antonio Palocci, Luiz Gushiken e companhia. Mais de um sexto do Congresso sob investigação da Justiça, nove parlamentares cassados, quatro presidentes no comando da Câmara, dois no Senado, Lula reeleito.
Foram três anos de propostas importantes aprovadas: reforma do Judiciário, Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, Lei de Falências, Lei de Biossegurança. Mas também de proposições que ficaram pelo caminho: reforma tributária, reforma política, reforma sindical, entre outras.
Foram três anos em que o Congresso, mais do que nunca, esteve no foco da sociedade. Do desavergonhado mensalão à não menos escandalosa tentativa dos parlamentares de dobrarem os seus próprios salários, passando pelo festival de absolvições em massa, a Casa de leis praticamente se tornou conhecida como uma casa dos horrores.
Foram três anos de Congresso em Foco.
E muitos outros anos virão pela frente para um site que busca uma cobertura diferenciada e independente do Legislativo – pautada, sobretudo, por reportagens exclusivas, com levantamentos exaustivos, e permanente preocupação em antecipar fatos e tendências e apontar os interesses e as contradições envolvidos nos temas em discussão no Parlamento.
Nesse período, mesmo sem o poderio econômico das grandes empresas de comunicação, conseguimos vencer a desconfiança inicial, conquistar credibilidade e ser reconhecidos como referência por quem acompanha diariamente as atividades da Câmara e do Senado.
Reconhecimento esse que vem do público, cada vez mais crescente e participativo, das mais de mil citações feitas por outros veículos, dos próprios parlamentares e de um dos maiores portais da América Latina, o iG, com o qual mantemos uma parceria desde o segundo semestre do ano passado.
Em comemoração ao terceiro aniversário, relembramos hoje algumas das principais matérias publicadas nesse período pelo site:
Relatório do PCC
Em maio do ano passado, publicamos com exclusividade aspectos estarrecedores sobre o funcionamento e os métodos do Primeiro Comando da Capital (PCC), organização criminosa que aterrorizou São Paulo com uma série de ataques. Em primeira mão, reproduzimos a transcrição do relato feito pelo diretor do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic) de São Paulo, Godofredo Bittencourt Filho, e delegado Ruy Ferraz Fontes, também do Deic, à CPI do Tráfico de Armas (clique aqui)
A transcrição do depoimento, prestado pelos delegados em sessão reservada, chegou a ser comprada de um funcionário terceirizado da Câmara por dois advogados ligados à facção criminosa. A negociação acabou sendo descoberta e os advogados tiveram de prestar contas à CPI. A reportagem do Congresso em Foco foi parar nos principais jornais, portais e noticiários televisivos do país, como o Jornal Nacional, o Jornal da Band e o Jornal do SBT.
Ainda na CPI do Tráfico de Armas, revelamos detalhes sobre como o crime organizado se infiltrava no serviço público, por meio de concursos, no Judiciário e na polícia (veja).
Também mostramos a desconfiança dos integrantes da CPI de que uma organização não-governamental voltada para a ressocialização de presos poderia ser um dos braços do PCC. No mês passado, a polícia paulista acabou prendendo diretores dessa ONG (leia). Outro relatório ao qual o site teve acesso revelou como atuam as três maiores organizações criminosas do país (confira).
Aumento dos deputados
Na legislatura dos escândalos, nenhum episódio causou maior reação popular do que o aumento autoconcedido pelos parlamentares em dezembro. Em editorial, fizemos coro à campanha pela derrubada do salário de R$ 24,5 mil e abrimos espaço para o abaixo-assinado proposto pela Rede de Informação e Discussão do Terceiro Setor contra o aumento dos parlamentares (leia).
Pressionada pela opinião pública e pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a Câmara acabou suspendendo as discussões sobre o assunto, passando a bola para a nova legislatura. Em setembro do ano passado, já havíamos informado que os parlamentares brasileiros estavam entre os mais bem pagos do mundo. Entre vencimentos pessoais, verba de gabinete, auxílio-moradia, passagens e outras despesas, cada deputado custa, em média, R$ 99.467 por mês (aqui).
Parlamentares sob investigação
Acompanhar a situação dos parlamentares na Justiça sempre foi uma preocupação do Congresso em Foco. Desde o primeiro ano do site, publicamos três levantamentos sobre os rolos judiciais de deputados e senadores no Supremo Tribunal Federal (STF). No primeiro deles (acesse), em março de 2003, informamos que 11 senadores e 35 deputados deviam alguma explicação ao Judiciário naquela época.
A dificuldade no acesso às informações impossibilitou uma análise mais abrangente, problema contornado, após exaustivo levantamento, na segunda versão da matéria. A reportagem, publicada em abril de 2005, revelou que 102 dos 594 congressistas respondiam a 185 denúncias criminais.
Já em setembro do ano passado, informamos que esse número havia subido para 189. Incluindo parlamentares que haviam deixado o mandato no meio daquela legislatura, eram 206 os investigados na mais alta corte do país (leia). Os três levantamentos mereceram destaque em jornais do Brasil e até de Portugal.
Atentos aos rolos judiciais dos parlamentares que não conseguiram se reeleger em outubro, também antecipamos que 95 deputados e senadores perderiam, com o fim de seus mandatos, a prerrogativa de serem julgados pelo STF, o f
Deixe um comentário