Há alguns dias, li uma história que provocou em mim profunda emoção. Ela será o tema deste artigo, pois tenho certeza de que contém preciosas lições de vida para todos nós. O título é “Os Três Conselhos”, e a autoria desconhecida indica que a história não é resultado da imaginação de uma só pessoa, mas do imaginário popular, o que confere ao texto ainda mais força e beleza. Compartilho-o com vocês com a intenção de ajudar a todos os que procuram o próprio caminho para a felicidade.
Os três conselhos do título foram dados por um homem aparentemente comum, mas na verdade um sábio, a um rapaz que certo dia lhe bateu à porta pedindo abrigo e emprego. O forasteiro havia deixado no lar humilde a mulher amada, com a promessa de retornar assim que juntasse dinheiro suficiente para proporcionar a ela uma vida melhor. Antes de partir, porém, prometeu-lhe fidelidade e disse esperar o mesmo dela, ainda que ficasse muito tempo fora de casa.
E assim o jovem – que vou chamar de José – se foi. Algum tempo depois, chegou à casa do homem com quem aprenderia três grandes lições. Ali se abrigou e trabalhou por longos vinte anos. Certo dia, considerando que já era tempo de voltar para casa, pediu as contas ao patrão. É preciso explicar que, durante todo o período em que permaneceu naquela casa, o rapaz não quis receber o salário, preferindo que o patrão o guardasse para mais tarde.
Diante do pedido de dispensa de José, o patrão não se fez de rogado: colocou todo o dinheiro guardado à disposição do empregado. Mas lhe fez uma proposta: em lugar da pequena fortuna a que José tinha direito, lhe daria três conselhos. Uma coisa ou outra.
Depois de pensar bastante, José, a essa altura já um quarentão, por incrível que pareça, optou pelos conselhos, que foram os seguintes:
1º “Nunca tome atalhos em sua viagem; caminhos mais curtos e desconhecidos podem lhe custar a vida.”
2º “Nunca seja curioso por algo mal; esse tipo de curiosidade pode ser mortal.”
3º “Nunca tome decisões em momentos de ódio e de dor; você pode se arrepender, e talvez seja tarde demais.”
Após dar os três conselhos, o agora ex-patrão entregou um embrulho ao agora ex-empregado, dizendo:
– Aqui você tem três pães. Dois são para comer durante a viagem, e o terceiro é para comer com a sua esposa quando você tiver chegado em casa.
Então, José partiu. E não demorou para comprovar como os três conselhos valiam muito mais do que o dinheiro que tinha para receber.
Primeiro, ele encontrou outro viajante, que lhe sugeriu pegar um atalho que encurtaria a viagem em vários dias. Sugestão aceita, lembrou-se, já no meio do caminho, do primeiro conselho: “Nunca tome atalhos em sua viagem; caminhos mais curtos e desconhecidos podem lhe custar a vida”. Mais do que depressa, voltou para a estrada. Dias depois, soube que escapara de uma emboscada.
Este é um conselho que todo candidato a carreira pública deve tomar como regra: não existe atalho para conquistar o emprego dos sonhos. É preciso seguir sempre em frente, sem se desviar do caminho traçado. Nunca se deixe tentar pela oferta de vantagens indevidas e lembre-se de que fraudar concurso público dá cadeia e pode acabar com todo o seu projeto de vida de uma hora para outra.
O segundo conselho literalmente salvou a vida de José. No meio da viagem, ele parou para dormir numa hospedaria e, de madrugada, ouviu um grito terrível fora do prédio. Levantou-se para saber o que ocorria, quando o segundo conselho lhe veio à mente: “Nunca seja curioso por algo mal; esse tipo de curiosidade pode ser mortal.” Retornou para a cama e dormiu profundamente. No dia seguinte, soube que um louco havia atacado alguém e matado cada hóspede que saía atraído pelos gritos.
A curiosidade pelo mal é algo que muitas vezes não conseguimos dominar. O que nos leva, por exemplo, a trocar horas de estudo para um concurso público em que precisamos passar por festas e baladas que trarão péssimo resultado para nossa vida pessoal e nos afastarão da meta traçada em busca da aprovação? Sem dúvida alguma é essa curiosidade, de que a história de José é um exemplo extremo e que serve como importante lição para todos nós. A maior virtude de quem estuda para concurso público é a total dedicação ao seu objetivo, que é a aprovação.
“Nunca tome decisões em momentos de ódio e de dor; você pode se arrepender, e talvez seja tarde demais.” Esse foi o terceiro conselho. A validade dele foi comprovada quando José finalmente se aproximou de casa e, ainda um pouco distante, viu a mulher abraçar e beijar outro homem na frente da mesma casa que o marido deixara vinte anos antes. Naturalmente, o ódio lhe subiu à cabeça. Pensou em matar os dois imediatamente, mas, lembrando do conselho do ex-patrão, se acalmou e resolveu esperar até o dia seguinte para confrontar a esposa.
Ao abrir a porta e reconhecer o marido, a mulher se atirou em seu pescoço e o abraçou afetuosamente. Ele, então, chorando, balbuciou:
– Eu fui fiel a você, e você me traiu.
– Não é verdade. Fui fiel e o esperei durante esses vinte anos, como prometemos um ao outro.
– E aquele homem que você estava acariciando ontem, ao entardecer?
– É nosso filho. Quando você foi embora, descobri que estava grávida. Hoje, ele está com vinte anos de idade.
Então, pai e filho finalmente se conheceram. Depois de um longo abraço, José contou ao rapaz toda a sua história, tudo que fizera desde que deixara o lar. Depois, a família se sentou à mesa, para tomar café e comer o pão que sobrara da viagem. Os três oraram, em meio a lágrimas de emoção. José partiu o pão e, dentro, encontrou todo o dinheiro que economizara nos anos de trabalho.
Com esse último conselho, fica a maior de todas as lições: só o amor constrói, e é preciso afastar o ódio do coração. Só assim tomaremos sempre as decisões certas, mesmo em momentos de dor. Só assim não seremos tomados pelo amargor do arrependimento quando for tarde demais.
Para o concurseiro, fica a lição: nunca deixe que eventual reprovação num concurso público crie em você uma barreira para novas tentativas. Redobre os esforços e estude com ainda mais paixão e ainda mais determinação. Tenho certeza de que, assim como José, você será devidamente recompensado.