Laís Garcia |
A Casa que elegeu como presidente o chamado “rei do baixo clero”, o deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), tem apenas dois candidatos à “coroa” de “rei do plenário”: os deputados Paulo Afonso (PMDB-SC) e Jurandir Bóia (PDT-AL). Eles são os únicos, entre os 513 membros da Câmara, a terem comparecido a todas as sessões deliberativas às quais foram chamados desde 2003. Encabeçam a seleta lista dos 33 deputados que têm mais de 90% de presença (leia mais). Nessa curiosa disputa, o ex-governador de Santa Catarina está na frente. É o único deputado com presença nas 369 sessões deliberativas realizadas pela Câmara entre 18 de fevereiro de 2003 e 9 de junho de 2005, período no qual se baseou o levantamento feito pelo Congresso em Foco. Bóia se fez presente em 209 sessões desde que assumiu o cargo, na condição de suplente, em dezembro de 2003. Os dois têm algo mais em comum: ambos são deputados em primeiro mandato. O entusiasmo de principiante talvez justifique a assiduidade dos parlamentares nas comissões, onde a presença não é obrigatória. Em dois anos e meio de mandato, Afonso participou de 293 das 297 reuniões realizadas pelas cinco comissões em que teve assento no período. Titular de duas comissões, Bóia faltou a apenas uma das 161 reuniões de que deveria ter participado desde dezembro de 2003. De lá pra cá, o alagoano apresentou 12 proposições, relatou 17 matérias e subiu à tribuna 77 vezes para discursar. O catarinense, por sua vez, usou da tribuna 66 vezes, foi relator de 41 propostas e autor de outras 26 proposições. O levantamento não levou em conta, no entanto, a qualidade das intervenções legislativas dos parlamentares. Ao explicar por que é uma exceção entre os colegas, Paulo Afonso foi categórico. “A presença em plenário é minha prioridade como deputado e velo por isso. Procuro acompanhar ao máximo para poder decidir meu voto. Não é vomitando projetos sobre as coisas mais esdrúxulas que vou provar minha atuação”, afirma. Segundo ele, estar em Brasília entre terça e quinta-feira não compromete a relação com os eleitores, ao contrário do que sustenta a maioria dos colegas. “Marco meus compromissos no estado às segundas e às sextas-feiras. Só é exigido aos deputados que estejam presentes três dias na semana. Acho que devemos priorizar isso”, afirma. Bóia afirma que foi eleito “para estar em Brasília”, ainda que isso possa lhe causar algum prejuízo no relacionamento com a base eleitoral. “Acho um absurdo os deputados não honrarem o mandato com a presença na Câmara”, sentencia. Na lista dos cinco deputados mais assíduos, ainda aparecem Ildeu Araújo (PP-SP), Lincoln Portela (PL-MG) e Corauci Sobrinho (PFL-SP), que estiveram presentes entre 99% e 97% das sessões deliberativas. |