Antonio Vital
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O PSDB resolveu fazer as contas e adicionou informações que ajudam a entender um pouco mais o real significado das eleições municipais. Se seus cálculos estiverem corretos, a vitória do PT, apesar de inquestionável do ponto de vista numérico, não foi tão avassaladora assim no primeiro turno das eleições municipais. O PT e o PSDB foram os partidos que conquistaram o maior número de votos em todo o país. O partido do presidente Lula teve 16,31 milhões de votos, seguido pelos tucanos, com 15,69 milhões. O PT consolidou sua posição nos grandes centros e alargou suas fronteiras para o interior, território até agora dominado por políticos de outro perfil, mais identificados com o PMDB, o PFL e até com o PSDB – conseqüência natural do fato de o partido de Fernando Henrique Cardoso ter comandado o país por oito anos. Não é à toa que, depois deles, o campeão de votos é o PMDB, com 14,2 milhões, que em números absolutos abocanhou a maior quantidade de prefeituras: 1.048 dos 5.562 municípios. Depois, seguem o PSDB (com 861 prefeituras), o PFL (790), o PP (550) e o PTB (421). O PT, nesse quesito, conquistou apenas 400 municípios e ocupa o sexto lugar. É mais que o dobro das prefeituras petistas obtidas quatro anos atrás – 187 – mas metade das 800 que o presidente do partido, José Genoino, previa no início do ano, antes do escândalo Waldomiro Diniz. É no cálculo baseado em números de prefeituras e índices de sucesso que o PSDB proclama larga vantagem sobre o PT. Desse ponto de vista, por exemplo, o PT conquistou apenas 20,66% das prefeituras das cidades com menos de 50 mil habitantes que disputou, contra 45,36% do PSDB. Ou seja, ainda existe uma barreira aos petistas nos rincões (leia quadros abaixo). A estatística, se levado em conta o número de prefeituras e não o total de votos obtidos, leva a crer que essa resistência é ainda maior nas grandes cidades, ao contrário do que se pensa. O PT só obteve sucesso em 7,14% das cidades com mais de 200 mil habitantes, enquanto os tucanos se deram bem em 15,38%. Quando o assunto é o percentual de sucesso dos candidatos dos dois partidos à reeleição, o estudo mostra que os prefeitos petistas tiveram dificuldade justamente nas grandes cidades. Os dois partidos exibem índices parecidos nos pequenos e médios municípios, mas quando se observa o que ocorreu nas cidades com mais de 200 mil habitantes, metade dos prefeitos tucanos se reelegeu. Entre os petistas, esse percentual foi de apenas 25%. Ou seja, de cada quatro petistas candidatos à reeleição nas grandes cidades, só um obteve novo mandato. O confronto direto entre os dois partidos em outros quesitos também desfavorece o PT – sempre lembrando que o estudo foi feito pelo PSDB e não leva em conta o total de votos, mas o número de municípios disputados, administrados ou vencidos pelos dois partidos. Nos municípios administrados por prefeitos de outros partidos, por exemplo, o grau de sucesso dos petistas foi de 17,90%, contra 37,3% dos tucanos. A eleição ainda permite tirar uma série de conclusões. Uma delas é de que o PT corre o risco de perder apoio nas grandes cidades e compensar isso no interior – exatamente o efeito que os partidos tradicionais sofrem quando estão no poder. E, no interior, ainda há uma forte resistência à estrela vermelha. Examine os números: Índice de sucesso Prefeituras conquistadas no primeiro turno:
Índice de reeleição
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