João Pedro Casarotto*
O enraizamento ou não do coronelismo político no Rio Grande do Sul depende da Assembleia Legislativa, que ora aprecia o Projeto de Lei Complementar nº 249/17 que autoriza o Estado a instituir o dito plano de recuperação fiscal.
Iludidos por falsos mascates financeiros, os montadores embutiram nesse plano a criação de um fundo de investimento que reunirá restritos parceiros e que administrará os valores oriundos dos créditos que o Estado tem a receber de terceiros, que hoje beiram os R$ 40 bilhões, isto é, cerca de vinte e quatro rodovias do parque (BR-448) ou de vinte vezes o valor que o Estado pretende receber com a venda das ações do Banrisul.
Esse fundo possibilitará triangulações financeiras com ganhos de arbitragem que poderão anular ou até gerar lucro com o imposto devido enquanto que o recolhido pelos demais contribuintes será destinado ao custeio de desenfreados gastos de financiamento e de funcionamento.
Sem querer, as atuais autoridades poderão deixar as portas abertas para que, no futuro, alguém queira manipular esta montanha de dinheiro em benefício próprio para se tornar o “sinhô coroné gaúcho”que comandará a política gaúcha pelas próximas décadas.
O PLC 249/17, ao permitir a transferência de vultosos recursos públicos para selecionados investidores profissionais, aprofundará a atrofia da iniciativa privada e dos serviços públicos bem como acelerará o atual processo de favelização dos gaúchos com suas nefastas consequências: coronelismo, mandonismo, clientelismo, compadrio, amiguismo e dinastia política.
Não creio que as deputadas e os deputados estaduais queiram gravar seu nome na história como responsáveis pela criação de vultosos passivos – inclusive os ocultos, decorrentes de intocáveis contratos leoninos – e pelo maior retrocesso político e econômico ocorrido em solo gaúcho.
Precisamos rechaçar o atraso.
Publicidade*João Pedro Casarotto é auditor fiscal aposentado do Rio Grande do Sul.
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