A variação do custo do voto entre os eleitos para a Câmara desafiou o poder econômico das unidades federativas e as divisas geográficas. Em quatro estados, cada voto conquistado pelos deputados eleitos custou mais de R$ 10. Em outros cinco, a média foi de pouco mais de R$ 2. Curiosamente, os extremos dessa tabela, cuja diferença chega a seis vezes, são ocupados por dois estados do Norte. Na média, cada voto saiu por R$ 5,70 para os deputados eleitos (veja o custo do voto, para os eleitos, por estado).
Roraima, estado que tem o menor eleitorado do país, foi o que produziu o voto mais caro – R$ 13,94. Já a nova bancada do Amazonas (R$ 2,36) foi a que gastou menos por voto, seguida por quatro bancadas nordestinas: Paraíba (R$ 2,37), Ceará (R$ 2,71), Rio Grande do Norte (R$ 2,77) e Maranhão (R$ 2,88).
Outros dois estados do Norte aparecem no topo do ranking do voto mais caro: Amapá (R$ 10,59), em segundo, e Tocantins (R$ 10,30), na quarta posição. A estimativa feita pelo Congresso em Foco levou em conta a votação obtida pelos deputados eleitos em cada unidade da federação e o total de despesas por eles declarado à Justiça Eleitoral.
Fartura goiana
O terceiro lugar dessa lista particular ficou com Goiás, onde cada voto saiu por R$ 10,99 e também foi registrada a maior média de arrecadação e gastos da nova bancada na Câmara (veja a relação completa). Dos 16 deputados goianos cujas prestações de contas estavam na página do TSE até o fechamento desta edição, oito declararam ter arrecadado mais de R$ 1 milhão.
Três deles, aliás, estão entre os 20 eleitos que fizeram as campanhas mais caras do país. Em Goiás, os eleitos gastaram, em média, R$ 1.006.642,10. Só a empresa JBS S/A, que faz parte do Grupo Friboi e fabrica produtos de limpeza e higiene, investiu R$ 1,745 milhão na eleição de oito dos 17 parlamentares do estado, destinando recursos para quatro partidos (PMDB, PSDB, PTB e PP).
Voto a R$ 5 em SP
Dono do maior eleitorado e da maior bancada no Congresso, São Paulo foi de longe o estado onde houve mais recursos para a campanha à Câmara. Os 70 deputados paulistas eleitos declararam ter gastado R$ 56.265.146,63. Na média, cada um investiu R$ 803.787,81 para se eleger.
O voto conquistado pelos representantes do estado mais rico do país saiu por R$ 5,2. Das 20 campanhas mais caras do país para deputado, nove eram de lá. A caminho do segundo mandato, Walter Feldman (PSDB) fez a terceira campanha mais cara entre os 513 eleitos, declarando despesas de R$ 2.724.079.
Campanhas caras no PR
Logo depois dos paulistas, os paranaenses despontam como a terceira bancada que gastou, em média, mais recursos para se eleger. Os deputados eleitos pelo Paraná declararam à Justiça Eleitoral, em média, gastos de R$ 739.165,33.
Ao todo, os 30 paranaenses arrecadaram R$ 22.148.571,81. As três campanhas mais caras do país para a Câmara foram realizadas no estado: Alfredo Kaefer (PSDB), Rocha Loures (PMDB-PR) e Wilson Picler (PDT). Mesmo com dinheiro em caixa, o pedetista não conseguiu se eleger.
Economia no RS
Cada voto conquistado pelos paranaenses eleitos custou, em média, o dobro do alcançado pelos gaúchos. Enquanto no Paraná, a relação entre os gastos de campanha dos eleitos e a votação por eles conquistada foi de R$ 6,6, esse valor não passou de R$ 3,32 no Rio Grande do Sul.
Os 30 gaúchos cujos dados estão no site do TSE declararam ter investido R$ 11.298.969,19 na campanha eleitoral. A campeã de votos e caçula da bancada, a vereadora Manuel D’Ávila (PCdoB), de 25 anos, gastou, por exemplo, R$ 359.536,25, valor pouco abaixo da média dos colegas de seu estado, que foi de R$ 376.632,31.
Contraste em Pernambuco
No Nordeste, a campanha mais cara foi a de Pernambuco. Entre os 24 eleitos pelo estado cujas prestações de conta estão disponíveis na internet, a média de gastos foi de R$ 638.530,57 – mais do dobro, por exemplo, do que a registrada no Maranhão, a menor da região, com R$ 273.657,11.
Cada voto dos eleitos pela bancada saiu, em média, a R$ 5,80. Na Paraíba, esse valor não passou de R$ 2,37.
O contraste entre os gastos declarados entre os deputados de Pernambuco é gritante. De um lado, o deputado Armando Monteiro Neto (PTB), que fez a 12ª campanha mais cara entre os eleitos de todo o país: R$ 1.878.943,35. De outro, o novato Marcos Antônio (PSC), aquele que declarou ter gastado menos entre os 513 – apenas R$ 5,7 mil.
Menos gastos no RJ
No Sudeste, as campanhas mais econômicas foram as do Rio de Janeiro. Cada um dos 46 eleitos pelo estado declarou ter gastado, em média, R$ 374.167,17 ao longo da campanha. Para os eleitos pela bancada fluminense, cada voto custou R$ 4,01.
Nenhum dos deputados do Rio aparece na lista dos que fizeram as 20 campanhas mais caras do país. O que declarou mais gastos foi Leonardo Picciani (PMDB) – R$ 1.098.239,00. Por outro lado, dois integrantes da bancada aparecem entre os dez mais econômicos, de acordo com as declarações prestadas ao TSE.
Apresentada como candidata do Dr. Enéas (Prona-SP), a novata Suely (Prona) recebeu 23.459 votos gastando R$ 8.593,84 do diretório partidário. Já o polêmico deputado Jair Bolsonaro (PP) declarou ter investido R$ 19.974,81 na campanha, que lhe valeu 99.700 votos.
Última atualização em 23.11.06, às 10h27