Edson Sardinha e Rafael Godoi |
Em matéria de rolos judiciais, a política brasileira está entre as mais democráticas. Há investigações no Supremo Tribunal Federal (STF) contra parlamentares de 11 dos 16 partidos com representação no Congresso Nacional e de todas as unidades da Federação, à exceção de Alagoas. Levantamento feito pelo Congresso em Foco revela que os governistas representam 76,5% do total dos investigados na mais alta Corte do país. Dos 102 parlamentares sob investigação no STF, 78 são filiados a partidos da base de apoio ao governo Lula. Dono da maior bancada no Congresso, o PMDB é o que abriga o maior número de deputados e senadores apontados como suspeitos: 28. De acordo com a pesquisa, nove deles já deixaram a condição de indiciados e respondem, como réus, a processo no Supremo (leia mais). A situação também é desconfortável para um terço dos representantes dos partidos do vice-presidente da República, José Alencar, e do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PE). Mais de 30% dos integrantes do PL e do PP com mandato parlamentar em Brasília são alvo de denúncia acolhida pelo STF. Proporcionalmente, liberais e progressistas estão à frente do próprio PMDB na relação das denúncias (leia mais). A lista só não inclui representantes de cinco partidos com assento no Congresso: o PPS, o PCdoB, o PSol (ainda em fase de reconhecimento), o PSL e o PSC. As acusações recaem também sobre membros do partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Há quatro investigações em curso contra deputados do PT no STF. Na oposição, o PSDB se destaca como detentor do maior número de parlamentares com pendência na Justiça. Quatro senadores e sete deputados tucanos respondem a algum tipo de questionamento no Supremo. As denúncias vão de lesão corporal a crime contra a administração pública. Entre os 78 pefelistas, nove estão sob investigação. A reportagem procurou as lideranças dos partidos para repercutir o resultado do levantamento. Mas nenhuma delas quis se manifestar sobre o assunto, alegando que as denúncias deveriam ser tratadas caso a caso pelos parlamentares sob investigação. Geografia das suspeitas O estado com o maior número de representantes no Congresso também lidera o ranking dos parlamentares investigados. Dos 73 congressistas paulistas, 14 têm pendência na Justiça. Mas, proporcionalmente, nenhuma bancada supera a do Tocantins. Cinco dos 11 deputados e senadores da mais nova unidade da Federação (45,4%) são alvo de investigação no Supremo (leia mais). A bancada do Norte, aliás, ostenta, em termos proporcionais, o segundo maior número de congressistas envolvidos em algum tipo de denúncia apurada a pedido do Ministério Público. Há investigações contra um em cada quatro parlamentares da região (23,2%). A proporção só não supera a do Centro-Oeste. Ao todo, 15 dos 53 representantes do Distrito Federal, de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul no Congresso – ou seja, 28,3% deles – respondem a questionamento judicial. O Nordeste aparece em último lugar no número de deputados e senadores sob investigação. As denúncias contra os parlamentares nordestinos no Supremo alcançam apenas 12,3% da bancada, a segunda mais numerosa do Congresso. A relação completa dos parlamentares que respondem às 185 investigações em andamento no STF será publicada ainda esta semana pelo Congresso em Foco. Não perca na edição de amanhã: parlamentares denunciados por desvio de verbas.
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