Aline Corrêa*
A cidade de Campinas, no interior de São Paulo, desenvolve neste momento um projeto que caminha na contramão de um preocupante fenômeno eleitoral: a abreviação das campanhas. Falo de um estreitamento que não se limita apenas à questão temporal, hoje condicionada aos programas de televisão que resumem uma corrida sucessória a insuficientes 45 dias de reflexões – de 21 de agosto a 4 de outubro. Minha preocupação se refere, também e principalmente, à limitação das ideias em debate. Condensadas, muitas campanhas se resumem hoje ao slogan mais criativo ou à vinheta melhor produzida pelas equipes de marketing.
Neste ano, o melhor contraponto a esta realidade foi apresentado pelo Serviço Social do Comércio (SESC), com o lançamento do projeto “A Voz e a Vez da Cidade – Campinas nas Eleições 2012”. Durante sete semanas, comunidades ligadas às principais áreas de atuação do SESC – Cultura, Esporte e Lazer – se encontrarão com os candidatos à prefeitura da cidade para, inclusive, auxiliá-los na construção dos compromissos de setores administrativos que, apesar da importância que representam, invariavelmente, aparecem encolhidos nas propostas orçamentárias de todas as cidades brasileiras, com dotações muitas vezes inferiores a 1% do que é arrecadado pelo Poder Público Municipal.
São muitos os propósitos desta ação modelar que o SESC oferece aos mais de 1 milhão de habitantes de Campinas, cidade conhecida como a “capital do interior paulista”. Dentre eles, o incentivo à troca de ideias, à disseminação de valores democráticos e à integração de entidades que, associadas ao projeto “A Voz e a Vez da Cidade”, buscam de forma conjunta resultados superiores aos que são obtidos através da totalidade das ações separadas de cada uma das partes envolvidas. Em outras palavras, uma ação que se destaca também pela sinergia alcançada entre o Serviço Social do Comércio e todas as demais instituições da cidade que já atuam nas áreas da Cultura, do Esporte e do Lazer.
A adesão de todos os grupos de comunicação de Campinas à proposta inédita do Serviço Social do Comércio e o desenvolvimento de ações similares por entidades que passaram a buscar, também por meio de sabatinas, a aproximação de suas comunidades com os postulantes à chefia do Executivo – destaque para a OAB Campinas e o Sindicato dos Médicos de Campinas – são provas irrefutáveis do sucesso do projeto “A Voz e a Vez da Cidade”. Estamos diante, portanto, de uma ideia que nasceu não apenas para elevar o tom das campanhas eleitorais ou fomentar a construção de ambientes propositivos, mas, acima de tudo, para colocar no centro da discussão o cidadão brasileiro.
*Reeleita em 2010 deputada federal pelo Partido Progressista