Em 2010, completei minha ‘maioridade’ como eleitor, ao ter votado pela 18ª vez – oito delas em mim mesmo… Exerço esse direito duramente recuperado e cumpro esse dever cidadão desde os tempos em que o voto era escrito em cédula de papel.
Aprendi que votar é teclar um desejo. Não um desejo pessoal, individual, menor, mas um desejo social, gregário, coletivo. Por isso, preparo-me para o dia da eleição – dia sempre de emoção, pelo tanto que custou à minha geração essa conquista – com aplicado trabalho da razão. Aprendi a estabelecer critérios para digitar na urna eletrônica os meus candidato(a)s.
Combino a experiência de estudante, professor e eleitor. Nada de amizade, parentesco ou ‘boniteza’: para definir meu voto, sempre faço perguntas e decido a escolha de acordo com as respostas que dou a elas – ou melhor, que os candidato(a)s dão. Para esta, municipal, já estou indagando o seguinte:
1 – qual a história de vida do(a) candidato(a) no que se refere à sua atuação social; quando e em que nível já esteve dedicado a alguma ação de interesse público?
2 – a honestidade em sua vida pregressa é inquestionável?
3 – quais são as principais linhas programáticas de seu partido, quais suas figuras públicas mais conhecidas e seus valores ético-políticos?
4 – como o(a) candidato(a) pretende contribuir para superar os graves problemas da desigualdade social, da irresponsabilidade ambiental, das várias violências, dos preconceitos?
5 – como considera os servidores públicos, sem os quais não administra, e que relação pretende ter com eles, subordinada ao dever maior de sempre a servir à população?
6 – como se posiciona em relação aos recorrentes escândalos nacionais de corrupção, e que papel seu partido tem no combate a esses crimes e aos políticos que os cometem?
7 – quem está financiando sua campanha, e com que objetivos, considerando que, em geral, empresas não fazem ‘doações’ e sim investimentos?
8 – como ele está desenvolvendo sua campanha: pelo convencimento através de ideias, projetos e causas, buscando o voto de opinião, ou na base da compra de votos, da promessa de emprego, vaga na escola, leito em hospital e outras formas do crime de captação de sufrágio?
9 – quais suas propostas concretas para as políticas públicas mais importantes na cidade, os recursos e as maneiras de implementá-las?
10 – como considera o povo de quem busca o apoio: como massa de manobra, tola, a ser dirigida, ou como cidadania ativa, cuja consciência, informação e participação permanente deve se estimular?
Faço as mesmas indagações na escolha de quem vai me representar – não substituir! – na Câmara de Vereadores. Acrescentando o questionamento sobre seu compromisso em fiscalizar o Executivo, e não ser ‘pau mandado’ dele. Mesmo se o governo for de seu partido ou coligação.
Assim a escolha fica mais fácil? Talvez mais difícil, pois pouquíssimos candidato(a)s e partidos responderão de forma positiva a essas questões. A política anda muito degenerada, cheia de propaganda enganosa. Mas na solidão da cabine, na frente da urna eletrônica, temos a chance e a obrigação de dar uma resposta a tudo isso.
Deixe um comentário