Emanuel Medeiros Vieira*
“Quando se perde o respeito pela verdade, nem que seja só um pouco, tudo se torna duvidoso.”
(Santo Agostinho)
“Os que atravessam os mares mudam se firmamento, não sua alma.”
(Horácio)
Faz 42 anos (em 5 de novembro de 1969) que Carlos Marighella (1911-1969) foi executado pela ditadura, numa emboscada das forças repressoras do regime militar.
Baiano de Salvador, ele está enterrado no Cemitério Quinta dos Lázaros.
Na cidade em que nasceu, foram abertas as comemorações pelo centenário de nascimento do guerrilheiro, numa cerimônia que reuniu familiares, amigos e ex-presos políticos em torno de seu túmulo.
Flores foram depositadas na urna em cuja lápide de mármore – desenhada pelo arquiteto Oscar Niemeyer – está escrito: “Não tive tempo de ter medo.”
Mesmo que alguém possa discordar de seus métodos, não se pode questionar sua enorme coragem e seu idealismo – a devoção à causa.
Não podemos esquecer que vivíamos o período mais duro e repressor da ditadura.
Seu filho, Carlos Augusto Marighella, também ex-preso político, defendeu o tombamento do túmulo como patrimônio da municipalidade.
Peço que seja lido com atenção o trecho abaixo.
Na cerimônia, foi realizado um protesto contra a corrupção, feito por um homem que se identificou apenas como “um combatente político”.
Após depositar uma sobre o túmulo de Carlos Marighella, ele pediu “perdão” ao ex-guerrilheiro por muitos dos que lutaram a seu lado, e que, estando hoje no poder, “envergonham a sua memória e a sua luta.”
*Algumas informações colhidas para a redação deste texto foram retiradas de matéria da jornalista Patrícia França, publicada em A Tarde, de Salvador.
(Salvador, novembro de 2011).
*Poeta, romancista e contista, nasceu em Florianópolis (SC) em 1945. Participa de diversas antologias de contos. Estreou com A Expiação de Jeruza, em 1972. Tem romances e contos editados, como Os hippies envelhecidos.
Deixe um comentário