Márcia Denser
É terrível, mas as pessoas, o povo, o grosso dos eleitores já não têm condições de avaliar quem os governa, como, porquê, para quê, em nome de quem etc. Aliás, só precisei de cinco minutos conversando com alguns taxistas, enquanto rodava pelo trânsito congestionado, para descobrir que o problema todo se resume numa única palavra: informação.
(Em off, ao perguntar o que achavam da escolha de Alckmin em detrimento de Serra, respondiam que “podia ser uma opção, ele parece um sujeito decente… pois é”… E a privatização dos bancos públicos? Caixa Econômica Federal? Banco do Brasil? E a Nossa Caixa que ele já está privatizando, digamos, para dar o exemplo? É o primeiro item da pauta de medidas políticas desse sujeito tão bonzinho que ao longo de oito anos se limitou a construir presídios. O que é natural para quem só enriquece as elites, o que significa desemprego, fome, miséria, violência… “Cruzes! A senhora tem certeza? Como soube disso?”).
Pois é. Eles não tinham a menor idéia do que eu estava falando. Desconheciam quem era e o que fazia no governo um sujeito que lá estava há oito anos! Mas não se pode culpá-los, até porque são o alvo das estratégias usadas pelos donos do poder para manipular a sociedade e a opinião pública.
Comecemos excluindo a internet. Eles não têm acesso e ponto final. Apenas 5% do eleitorado brasileiro usa regularmente a WEB. E todos os problemas começam aí, em quem confiar: na tevê aberta? Veja? Folha? Estado? Rede Globo? Vocês devem estar brincando.
Que eu saiba, aqui em São Paulo, quem precisa se restringir às bancas de jornal para obter informações só pode contar com duas publicações confiáveis – ou duas e meia: Caros Amigos, Brasil de Fato, e, muito sob suspeita, Carta Capital.
Como se chega a essa conclusão?
Bem, aí a coisa começa a complicar um pouquinho. Porque o sujeito precisa estar por dentro da pesquisa e produção científica feita no Brasil e nos países centrais, cursar uma pós-graduação numa boa universidade, comprar livros, freqüentar uma biblioteca, tudo isso para começar a ter uma pálida idéia do que as nossas elites e classes dirigentes estão fazendo com o Brasil e os brasileiros graças ao voto de milhões de seres humanos que tudo ignoram. Ficou claro agora?
Infelizmente, a justiça não alcança aqueles que dormem.
Mas felizmente, como devo ter algo de Santa Maria Goretti dos Desinformados, na próxima coluna vou abordar (algo que não poderia fazer na grande imprensa, posto que tais informações ela não publica), ponto por ponto, as estratégias de mídia usadas pelas elites para manipular-desinformar-degradar-reduzir-a-pó a opinião pública.
Para que o grande público concorde em 1) ser roubado e 2) entregar o país pacificamente, sem grandes dramas. Caso contrário, parafraseando o nosso queridíssimo general Figueiredo, eles entram, matam e arrebentam.