Parte da imprensa do Paraná e nacional continua chamando o massacre que o governador Beto ‘Hitler’ Richa (PSDB) perpetrou contra servidores e servidoras no dia 29 de abril, na Praça Nossa Senhora do Salete (Centro Cívico), em Curitiba, como ”batalha” ou “confronto”.
Não preciso gastar palavras e tinta para demonstrar que o que ocorreu foi um massacre, basta ver as fotos e vídeos que correram o mundo. Muitas dessas fotos, vistas sem legendas, mostram uma praça de guerra que pode ser identificada como se fosse do Oriente Médio ou em qualquer outro lugar do planeta.
O massacre, como qualquer massacre, foi, no mínimo, vergonhoso e horripilante, e o caso é mais grave pois do outro lado, a dos massacrados, estavam homens, mulheres, com seus filhos, que protestavam em defesa de seus direitos.
O horror foi tanto que provavelmente a Nossa Senhora do Salete tapou os olhos e ouvidos para não ver o sofrimento, desespero e a dor das vítimas e não ouvir as bombas e os gritos. Tapou os olhos e ouvidos, chorou e orou em silêncio como muitos fizeram naquele dia. Orou para que tudo parasse. Mas não parou.
Só parou quando os opressores entenderam que os professores já estavam humilhados e mutilados. Mutilados psicologicamente, e muitos fisicamente. Só parou após cerca de duas horas de bombardeio com bombas, cassetetes e gás.
Só parou quando estava “legalmente” garantido o confisco da aposentadoria dos funcionários e funcionárias do Estado. Digo “legalmente” porque tudo indica que já estava confiscado sem nenhum parâmetro legar e precisava da lei para legalizar, tanto é que em menos de 24 horas a lei foi sancionada.
Uma semana depois de perpetrar o massacre, o governador Beto ‘Hitler’ Richa (PSDB), sem pedir desculpas pela barbárie que cometeu, publica uma carta no Facebook. Começa a carta afirmando que “O silêncio que guardei nos últimos dias serviu para uma reflexão profunda sobre os acontecimentos…”. “Desde então, adotamos uma série de medidas, que incluiu a troca de secretários e mudanças na legislação”.
A troca de secretários só se deu após muita pressão interna – tinha que achar culpados – e cobrança da sociedade civil, como, por exemplo, as torcidas de todos os times de futebol do Paraná, gritando em uníssono nos estádios “Fora, Beto Richa”.
A troca de secretários não é suficiente. Tem muitas coisas para trocar e também para explicar. Flávia Francischini, esposa do secretário defenestrado, Fernando Francischini, escreve no Facebook que um “bom político trabalha e age por si só, não depende de homens sujos, covardes, que não honram as calças que vestem e precisam agir sempre em grupo, ou melhor, quadrilha”.
O defenestrado era secretário de Segurança Pública e é policial federal, portanto, sabe de muita coisa e muito do que sabe deve ter confabulado com a esposa.
E, por muito saber, é que Flávia faz o ‘desabafo’, que pode ser em tese uma acusação: que o governador Beto Richa (PSDB) age em “quadrilha” (sic). Beto ‘Hitler’ não tem nada a declarar sobre a declaração dela?
Na nota, Beto ‘Hitler’ Richa chama o massacre de confronto e diz que nada apagará a tristeza que sente. Também afirma que a “violência e a intolerância são sempre condenáveis”.
Hipocrisia pura: no dia do massacre há informações e vídeos que mostram os aplausos dentro do Palácio Iguaçu. Aplausos ao massacre. Também é fácil constatar que a intolerância é a marca deste governo e é corroborada pela maioria dos deputados estaduais e pelo Poder Judiciário que, no mínimo por omissão, permitiu o massacre.
Em entrevista à Gazeta do Povo publicada sábado, dia 9, Richa afirma que o “o governo e o sindicato devem desculpas à sociedade paranaense, à sociedade brasileira, … .”
Senhor governador, o senhor quer que a vítima peça desculpas por ser vítima? Seria como pedir aos negros que pedissem desculpas por terem sido escravizados.
Hipocrisia parece não ter limites para o senhor Beto ‘Hitler’ Richa. Perguntado pelo entrevistador se há “algum arrependimento pessoal quanto à sua condução dos fatos”, responde: “O mais machucado de tudo isso foi eu”.
Além de hipócrita, pensa que somos idiotas.
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