O único deputado a comparecer a todas as sessões da legislatura que se encerra diz que atingiu uma meta pessoal. “Sou uma pessoa muito determinada. Quando assumi o compromisso de ir para Brasília, assumi para trabalhar. Não aceito qualquer atividade na terça, na quarta ou na quinta-feira”, afirma Manato (PDT-ES). O capixaba registrou presença nas 653 sessões, entre ordinárias e extraordinárias, realizadas nos 422 dias em que houve sessão deliberativa na Casa nos últimos quatro anos.
O deputado conta que dispensou convite para acompanhar a comitiva do presidente Lula numa visita ao Espírito Santo no ano passado, porque a visita coincidia com dia reservado a votação. “É um compromisso que tenho comigo mesmo, em primeiro lugar, com meus eleitores. Eu me considero um ‘caxias’”.
Reeleito para o terceiro mandato consecutivo, o médico de 53 anos diz que manterá a meta de evitar falta na próxima legislatura. “Eu justifico o meu salário porque estou sempre trabalhando. Mesmo porque trabalho mais na base do que em Brasília, onde há menos pressão”, declara.
Para ele, a Câmara tem de mudar as regras para estimular a participação dos parlamentares no plenário e inibir as faltas. Manato critica a facilidade oferecida aos deputados para abonar ausências por motivações políticas. “Deveria ser como na Consolidação das Leis Trabalhistas. Falta abonada, só por questão de saúde ou morte”, defende.
Manato também critica a fartura de mecanismos protelatórios e a dispersão das discussões nas sessões plenárias. “Estamos discutindo o aumento do salário mínimo. De repente, chega alguém e começa a falar da Coca-Cola, de petróleo ou do Battisti. Temos de nos limitar ao tema em debate na pauta”
No último ano da legislatura passada, em 2006, Manato não faltou a um único dia. Em 2005, o deputado faltou apenas no dia 27 de setembro. “Foi porque meu pai morreu. Quando cheguei ao plenário, a sessão tinha acabado havia dez minutos. Não sabia se chorava pela morte do meu pai ou se pelo fim da sessão”, conta.
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