A internet surgiu não só como novidade para a comunicação, mas com muitas expectativas. Entre elas, a possibilidade de romper o monopólio da informação,de criar um espaço de debates e de reflexões, dar voz a quem nunca teve para contar sua história e sua verdade. A possibilidade, enfim, de criar um mundo mais solidário e humano. Se não era essa a expectativa de todos, era de pelo menos a da maioria das pessoas inteligentes. Estas expectativas estão longe de serem atingidas. Mas a internet não deixa de representar uma ruptura no represamento da informação das grandes empresas de comunicação.
A internet, infelizmente, também abriu espaços para a pregação do preconceito e da violência. Abriu espaço para o xingamento fácil, e geralmente feito por pessoas que criam perfis falsos. Inescrupulosos e covardes não assumem o que são.
Num país como o Brasil (infelizmente não o único), onde não há a cultura da leitura, onde as rádios, por receberem jabás, tocam o que há de pior na música brasileira e internacional, não há a preocupação de ao se ler ou ouvir uma informação, conferir se ela é verdadeira, meia verdade ou cem por cento mentirosa.
Sem a cultura da leitura, sem a cultura e a referência da boa música, boa parte dos que acessam as redes sociais não sabe o que busca. Outra parte as utiliza para compartilhar falsas informações. Lê algo, entende como verdadeiro, não confere e compartilha. Boa parte não lê, não conhece a vida e o autor dos artigos, mas se dispõe a comentar.
Só que o comentário, quando não é algo hipócrita, idiota ou cretino, pode ser também uma agressão ao autor.
As grandes empresas de comunicação também garantiram o seu espaço na internet. Nada contra e nada de mal, mas há algo de maldade. A maldade está em conceder espaço para colunistas tipo João Pedrosa. Esse indivíduo não tem capacidade de argumentação. Por sua limitação intelectual, passa a proferir e a escrever impropérios.
No final do ano passado um grupo de imbecis hostilizou Chico Buarque de Holanda. Nenhum dos imbecis tem a história do Chico e jamais terá uma história de respeito como tem Chico. Nenhum deles jamais será reconhecido pela defesa da democracia e dos direitos humanos como Chico.
Na ocasião, escrevi um artigo apoiando Chico Buarque e condenando a intolerância. Intolerância essa construída por colunistas como o acima citado e em veículos de comunicação como a revista Veja, tanto que Chico reagiu a seus agressores dizendo que “com base na revista Veja, não dá para se informar”.
Também no final do ano passado, o colunista acima citado postou no Instagram um comentário sobre uma foto publicada pela atriz Silvia Buarque, ao lado do (Chico) pai e da irmã Helena: “Família de canalhas!!! Que orgulho de ser ladrão!!!”. Este tipo de cometário é comum na internet, e geralmente é feito por quem tem perfil falso. Não assinam o nome verdadeiro de medo de receber uma ação judicial.
No caso acima, Chico vai processar o autor dos comentários. Como cidadão e figura pública, apoio Chico e digo: todas as vítimas deste tipo de agressão devem processar os agressores. Tenho pedido investigação e processado cerca de uma dezena de agressores. Felizmente , tem sido feita justiça. Um dos agressores já foi condenado e está inclusive cumprindo sentença.Quanto ao outro, pelo fato de o perfil ser falso, o juiz tomou posição contrária à da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público, que pediam o arquivamento do caso, e mandou prosseguir a investigação. Um terceiro está com a data da audiência marcada.
Infelizmente, muitos dos que não tinham voz usam a internet para expor a própria ignorância e a própria imbecilidade.