Há muitos anos a UBES, entidade estudantil secundarista, defende a “nova escola”. Uma escola que dê conta da diversidade da juventude, que prepare nossos jovens para o mundo e para o mundo do trabalho. Uma escola que não seja igual à escola de nossos pais. Se o mundo em que vivemos não é igual, como achar natural que a escola, que a educação seja a mesma?
A educação brasileira tem enfrentado muitos desafios e já consolidamos mudanças decisivas no acesso à educação, como o PROUNI. Mas os desafios são grandes ainda. Hoje, o enfrentamento da evasão no ensino médio é a tarefa mais urgente daqueles preocupados com a inclusão da juventude no projeto nacional de desenvolvimento. Para isso, são necessárias muitas ações. É preciso pensar na logística que faz parte do processo educacional: no transporte adequado e seguro desses jovens para a escola, em mais escolas noturnas, em segurança, creches para o período em que as mães estão na escola… Temos de debater, inclusive, a exemplo de grandes nações, bolsas de estudo para jovens que não conseguem conciliar educação e trabalho. Outro fator determinante, nesse sentido, é integrar as escolas aos avanços da tecnologia. Esses são alguns dos desafios do nosso tempo.
Mas a mais estrutural das mudanças deve se dar naquilo que é ensinado.
Nesse sentido, as mudanças aprovadas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) na semana passada são fundamentais. Estas mudanças trarão um impacto muito positivo para a viabilização na nova escola.
O CNE propõe mais autonomia e flexibilidade para as escolas na definição da grade curricular. Na prática, cada escola terá o seu universo, ou seja, poderá, através do diálogo com professores, alunos, funcionário e sociedade, refazer sua base e adaptar o seu projeto-pedagógico de acordo com a vocação do local onde está localizada. Há, ainda, a possibilidade de manutenção da atual grade.
Isso ratifica a autonomia.
A partir das mudanças aprovadas, será possível flexibilizar o currículo em quatro áreas (ciência, tecnologia, cultura e trabalho).
Isso significa regionalizar o estudo. Caxias do Sul, por exemplo, um polo industrial muito forte, poderá voltar o seu ensino para a qualificação e preparação dos seus alunos para essa realidade. Que difere da realidade dos estudantes de Porto Alegre, por exemplo.
Respeitar a riqueza de cada cidade através da educação é fortalecer o processo mais importante do desenvolvimento de uma nação. Toda transformação se dá pela educação e é isso que a nova escola traz:
respeito aos professores e aos alunos ao mesmo tempo em que alicerça o diálogo com a sociedade e com o período histórico que vivemos.
O caminho para termos uma escola de ensino médio mais próxima do estudante, do mundo e do mundo do trabalho é longo. Mas são grandes os passos dados pelo Conselho Nacional de educação.