Todos se lembram do debate de 29/09/2014, organizado pela TV Record, quando o candidato a presidente pelo PRTB, Levy Fidelix, foi questionado por Luciana Genro sobre direitos homoafetivos.
Ele, sem nenhum constrangimento, soltou um rosário de impropérios do tipo: “dois iguais não fazem filho”, que “aparelho excretor não reproduz” e ao final, bradou: “Vamos ter coragem! Nós somos maioria! Vamos enfrentar essa minoria. Vamos enfrentá-los”.
Pergunto: enfrentá-los para quê? Para espancá-los? Para matá-los? Para agredi-los física e psicologicamente?
Infelizmente, há muitas pessoas como Levy Fidelix exercendo algum mandato. Um deles é o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ). E por incrível que pareça, em pleno século XXI, quando muitas pessoas ao longo da história e das civilizações já foram vítimas de todo tipo de violência (machistas, sexista, étnico-racial, etc.), há aqueles que incitam, há aqueles que apoiam e há aqueles que executam. Todos são criminosos.
No Parlamento, todos e todas devem debater os temas nacionais, tanto de direito coletivo como de direito individual. Debater temas não significa desrespeito e/ou tampouco bater (fisicamente) em quem se discorda. Essa não parece ser a maneira do deputado Bolsonaro.
Segundo levantamento do Portal Terra, são muitas as ‘polêmicas’ do deputado Bolsonaro. Em setembro de 2013, o senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP) disse ter recebido um soco de Jair Bolsonaro. Claro que o deputado do PP (observe: ele é do PP) nega.
Voltando um pouco no tempo: em 2011, Bolsonaro interrompe uma entrevista do deputado Candido Vaccarezza (PT-SP) para condenar a criação da Comissão da Verdade. E ainda em 2011, de maneira desrespeitosa e criminosa, Bolsonaro insinua que a presidenta Dilma é homossexual.
PublicidadeNo programa CQC da TV Bandeirantes, em 2011, Bolsonaro comete outro crime (o de racismo) ao responder a uma pergunta de Preta Gil. Ela pergunta a Bolsonaro como ele reagiria se um filho dele namorasse uma negra. Bolsonaro responde preconceituosamente e criminosamente: “Preta, não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco porque meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambiente promíscuo como lamentavelmente é o teu”.
Parece que 2011 foi o ano das pérolas do deputado. Em entrevista publicada pela revista Playboy, no mês de junho, Bolsonaro responde a uma pergunta afirmando que prefere um filho morto a um filho homossexual. Também em 2011, o Psol pediu ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados que o deputado Bolsonaro fosse investigado. Questionado, respondeu: “O Psol é um partido de ‘pirocas’ e de ‘veados’”.
Mas o comportamento ‘polêmico’ (como querem alguns) de incitamento à violência é antigo. Em entrevista à revista IstoÉ, em 2000, Bolsonaro afirma “Eu defendo a tortura. Um traficante que age nas ruas contra nossos filhos tem que ser colocado no pau-de-arara imediatamente. Não tem direitos humanos nesse caso. É pau-de-arara, porrada. Para sequestrador, a mesma coisa. O cara tem que ser arrebentado para abrir o bico”. Incitar a tortura é crime.
Novamente, em 2014, o deputado Jair Bolsonaro volta à cena política com mais uma apologia ao crime, agora defendendo que há mulheres que merecem ser estupradas. A agressão à deputada Maria do Rosário vem desde 2008, quando o deputado interrompe uma entrevista e a chama de “vagabunda” e a empurra. Essa agressividade com Maria do Rosário é retomada este ano, quando o deputado afirma que não a estupra porque ela não merece, ou seja, Bolsonaro entende que há mulheres que merecem ser estupradas.
No último artigo (Tião, Cacareco e Bolsonaro) publicado neste espaço, alguns leitores e leitoras fizeram comentários. Não entrarei no mérito de todos, pois alguns são idiotas, mas é necessário registrar que há pessoas que consideram o Bolsonaro ‘honrado’, ‘digno’ e ético’. Meu Deus, que tristeza!
Uma das leitoras pede para acessar um artigo de O Globo (20/05/2013) que registra que o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), foi “flagrado pelo Ibama pescando na Estação Ecológica de Tamoios (Esec Tamoios), em Angra dos Reis, onde a atividade é proibida…”. Isso é dignidade e honradez?
Concluo reproduzindo um trecho do artigo de Jânio de Freitas publicado na Folha de S. Paulo em 23/12/2014: “O deputado que está nos jornais por insultar a deputada Maria do Rosário chegou a isso por um percurso sem curvas nem desvios. Sua entrada na vida pública deu-se quando fez um plano para explodir a adutora de água do Rio, além de outros crimes, caso não fossem aumentados os soldos dos tenentes, seu posto no Exército. Deu o plano a Veja, para chantagear o governo, e atribuiu a divulgação à mulher. Mas a autoria não era dela e, assim como a chantagem, era passível de processo criminal”.
“A proteção de casta assegurou a impunidade do tenente terrorista.” “… Sempre obrando uma imbecilidade agressiva em seguida a uma cretinice violenta, e vice-versa”.
Batizada de Bolsonazi, página reúne polêmicas de Bolsonaro desde 1987