No apagar das luzes de 2013, duas importantes ferramentas da cidadania ganharam as manchetes nos noticiários. Criadas por organizações da sociedade, elas medem o quanto desperdiçamos de dinheiro e oportunidades de desenvolvimento no Brasil.
Por um lado, temos o painel do Impostômetro, uma criação da Associação Comercial de São Paulo. O Impostômetro foi desenvolvido em parceria com o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação e mostra aos cidadãos toda a chamada “fúria arrecadatória” dos governantes nos três níveis: municipal, estadual e a União.
E, para este ano, a notícia não é boa para a sociedade, não. Pelo sexto ano consecutivo, o Impostômetro acusa um recorde de “mordida” dos governos sobre os cidadãos pagadores de impostos. Do início do ano até o fim de dezembro agora, o Impostômetro marca a impressionante quantia de um pouco mais de R$ 1,6 trilhão arrecadados.
A verdade é que nunca se arrecadou tanto imposto no Brasil; e nunca desperdiçamos tanto dinheiro. Vale lembrar que não são os serviços básicos à sociedade que fazem essa conta não fechar direito. O Brasil desperdiça quando oferece subsídios setoriais sem planejamento adequado, quando estimula renúncias fiscais aos estados, e mesmo quando realiza operações pouco transparentes de capitalização de empresas estatais. Colocando na ponta do lápis tudo isso, temos uma conta de quase um trilhão de reais desperdiçados nos últimos anos.
Na outra ponta, o Sonegômetro, criação do Sinprofaz, o sindicato dos procuradores da Fazenda Nacional, também bateu recorde este ano. Pelos cálculos do Sonegômetro, este ano o país perdeu nada menos que R$ 415 bilhões em sonegação de impostos. Para vocês terem uma ideia, este valor representa 10% de toda a riqueza gerada pelo Brasil. Ou 20 vezes mais o valor investido este ano no programa Bolsa Família. Para os procuradores, a carga tributária do brasileiro poderia ser reduzida em 30%, caso não houvesse sonegação fiscal.
Para um país que oferece tão pouco aos seus cidadãos em termos de segurança pública, justiça ágil, saúde básica e educação fundamental, não tem mais como convencer a sociedade da necessidade de qualquer aumento na carga tributária, por menor que seja.
Não vamos nos esquecer de que 2014 é um ano eleitoral. Que tal cobrar de seu candidato uma posição firme contra o desperdício de dinheiro público e a favor de mecanismos mais eficientes de combate à sonegação e à corrupção?