A trajetória do gaúcho Luís Carlos Prestes foi marcada pela coerência humana e política. Desde muito jovem, já se mostrava indignado com as injustiças e as mazelas do povo brasileiro.
Isso o moveu a construir, junto a um grupo de 1.500 jovens militares, a Coluna que combatia a República Velha e, entre outras bandeiras, defendia o voto secreto e o ensino público para toda a população.
Em dois anos e meio o grupo percorreu 25 mil quilômetros a pé ou a cavalo, denunciando a miséria da população e a opressão das oligarquias locais.
Mas existe um aspecto pouco debatido sobre a Coluna Prestes que é preciso destacar: a participação das mulheres na Coluna.
No início do século passado, o machismo transformava as mulheres que acompanhavam uma tropa ou em heroínas ou em prostitutas.
Talvez por isso, saibamos tão pouco de mulheres como a austríaca Hermínia, enfermeira diplomada, que foi uma das mais destacadas na marcha.
Segundo os relatos dos participantes da Coluna, Hermínia era uma mulher extremamente “brava, valente e devotada”, pois nos momentos mais difíceis não fugia diante dos perigos.
Outras mulheres lutaram na Coluna e foram alvos da repressão que se abateu contra os que ousavam lutar por um Brasil mais justo, como a alemã Elza que após ter sido aprisionada pelas tropas legalistas, foi vítima de estupros coletivos e outras sevícias.
PublicidadeMulheres, como Alzira, Maria, Albertina, Isabel, Chiquinha, Vitalina Torres, Joana, Anna Alice, Maria Emília, Manoela, Etelvina, Cândida, Eufrazia, Emília Dias, Ernestina, Amália, Letícia entre outras que participaram da Coluna e se dedicaram de corpo e alma a lutar contra as injustiças de nosso país.
O machismo e o preconceito tentaram reduzir seu papel e sua importância, mas a sua presença delas foi fundamental para o sucesso da Coluna, um dos maiores feitos militares da nossa história.
Segundo Prestes, as mulheres foram guerreiras destemidas frente aos sofrimentos que a guerra impunha.
Na lembrança dessas brasileiras, homenageamos os heróis que há 90 anos cortaram o Brasil para lutar contra as iniquidades, independente do preço que pagaram por isso.