No artigo desta semana, vou abordar um tema que me é particularmente agradável, na condição de atleta amador que sou, praticante de corrida de rua: a importância dos exercícios físicos na preparação para concursos públicos. Já tinha me decidido a escrever sobre o assunto quando deparei com uma reportagem publicada no caderno de esportes do Correio Braziliense da última quarta-feira, 1º de fevereiro. Na matéria de título “Eu corro…”, atletas amadores como eu e outros quase profissionais contam por que praticam a atividade e falam do bem que o esporte lhes proporciona. Segundo o texto, as razões que levam essas pessoas a se manterem em movimento são várias, do simples prazer aos benefícios para a saúde.
Em outros artigos que escrevi, relatei minha experiência no assunto, iniciada no dia em que saí da cama com vontade de correr, calcei o tênis e comecei a minha vida de corredor despretensiosamente, apenas para me divertir. O que veio depois, meus leitores já sabem: a barriga ficou no passado, fui me tornando um especialista em longas distâncias e um campeão na minha faixa etária. Participei de corridas de alto nível, como a São Silvestre a e Maratona de Nova Iorque, chegando ao fim dessas provas com ótimo tempo entre os atletas quarentões. E acabei criando minha própria equipe de corridas, que hoje representa o Gran Cursos nas principais competições do gênero pelo país, aumentando a cada prova nossa galeria de troféus, para orgulho da nossa organização.
Muitos desses atletas são também estudantes que se preparam para prestar concurso público, com bolsa integral oferecida por nós. Certamente eles estarão entre os aprovados dos próximos concursos de 2012, como o do TSE, o do Banco do Brasil e o do Senado. Também não tenho dúvida de que o alto desempenho intelectual deles está associado à prática intensiva do esporte, ao contrário do que pensava o britânico Winston Churchill. Ao ser indagado por um repórter sobre o segredo da sua longevidade, esse que foi um dos maiores personagens da história da humanidade respondeu, aos 90 anos de idade, com um charuto na mão e um copo de uísque sobre a mesa:
– Esportes… nunca os pratiquei!
Não posso concordar com esse pensamento absurdo. Certamente, se Churchill tivesse praticado alguma modalidade esportiva, apesar da bebida e dos charutos, teria passado dos 100 anos. Tenho convicção de que eu, por exemplo, serei um centenário saudável. E minha certeza é ancorada em estudos científicos diversos.
Recentemente, a Universidade da Califórnia, por exemplo, concluiu que “breves sessões de exercícios físicos de alta intensidade podem reduzir o envelhecimento celular causado pelo estresse, prevenindo o encurtamento dos telômeros, marcadores biológicos que indicam a longevidade”. Os telômeros são muito sensíveis às influências genéticas, ao estilo de vida e ao estresse, diz Elissa Epel, pesquisadora da Universidade e coautora da pesquisa, publicada no periódico PLoS One.
Já registrei em artigos anteriores que minhas melhores decisões para a empresa que dirijo são tomadas enquanto corro pelo menos 10 quilômetros por dia. Se alguém acha que isso é exagero, peço que leia o que disse ao Correio a servidora pública Janaina Corrêa de Sá, de 33 anos:
– Produzo melhor quando corro. Meu dia fica mais feliz. Todo mundo pode correr, é só querer.
Milene Gaston, também servidora pública, de 41 anos, afirma que “correr é a melhor terapia. Quando não faço isso, parece que falta algo.” Outra servidora do governo, Fabrícia Figueiredo, relata:
– Corro porque gosto, sinto prazer e também emagrece.
Seriam Janaina, Milene e Fabricia concurseiras de sucesso? Se forem, talvez não se trate de mera coincidência. É o que demonstram outras pesquisas científicas que cito a seguir.
De acordo com cientistas da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, fazer ginástica regularmente é fundamental para que, na terceira idade, o cérebro esteja a todo vapor. Os exercícios físicos evitam os temidos problemas de raciocínio, de memória e de compreensão – todos relacionados às funções cognitivas do organismo –, comuns nessa fase da vida.
Outro estudo, realizado pelo Departamento de Neurociência da Universidade de Cambridge, na Inglaterra – Churchill não acreditaria! –, concluiu que os lóbulos temporais, responsáveis pela memória e pela inteligência, são beneficiados pelos exercícios físicos. A atividade física estimula a produção de novas células cerebrais, em decorrência do aumento do fluxo sanguíneo e do aumento da produção de hormônios que reduzem o estresse.
A Universidade de Vermont, nos Estados Unidos, comprova, por sua vez, que o bem-estar provocado pela endorfina – neurotransmissor utilizado pelos neurônios na comunicação do sistema nervoso e que é liberado durante os exercícios – pode durar até 12 horas depois das atividades. É ela que proporciona mais disposição e bom humor às pessoas ativas no decorrer do dia.
Para quem busca apenas emagrecer, cito um estudo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) que concluiu que, além de ajudar a queimar as calorias, os exercícios físicos também aumentam a sensibilidade dos neurônios envolvidos no controle da saciedade, o que contribui para a redução do consumo alimentar e, por consequência, para a perda de peso.
E tem mais. Como lá em Cambridge os pesquisadores não sossegam, descobriram, ainda, que a prática de exercícios diários diminui os efeitos do gene FTO, um dos responsáveis pelo aumento das chances de uma pessoa desenvolver obesidade. Os médicos que realizaram a pesquisa perceberam que os pacientes que tinham o gene da obesidade, mas praticavam exercícios físicos com freqüência, reduziam a chance de desenvolver a obesidade em 27%. Por atividade física frequente, entende-se rotina equivalente a 30 minutos de atividades físicas, como passear com o cachorro, cinco vezes por semana.
Até agora, nenhuma grande novidade. Já é senso comum a noção de que a prática de exercícios físicos é sinônimo de disposição, boa forma e saúde. No entanto, um estudo divulgado pela Universidade Estadual de Cleveland, nos Estados Unidos, vai além. Ele conclui que praticantes de exercícios regulares têm rendimentos entre 6% e 9% maiores do que os sedentários. Em Brasília, cidade dona de altos salários e da maior renda per capita do país, não é raro encontrar pessoas que corroboram a estatística. “Descobrimos que disciplina e determinação estavam associadas a pessoas que praticam exercícios regularmente, enquanto que os sedentários tinham mais propensão a deixar as coisas para depois”, explica o autor do estudo, o economista americano Vasilios Kosteas . No trabalho, publicado na revista científica Journal of Labor Research, o estudioso analisou questionários respondidos por 12 mil americanos. As perguntas versavam sobre salários e sobre frequência e quantidade de exercícios.
Creio que esses dados sejam suficientes para comprovar minha tese de que exercício físico e aprovação em concurso público têm profunda relação. Já estava para fechar este artigo quando abri a revista Veja e vi a reportagem intitulada “O mundo de um novo ângulo”, ilustrada com a foto de um sujeito plantando bananeira no que parece ser uma sala de aula. Minha curiosidade foi maior do que a pressa para encerrar o artigo. Mas valeu a pena.
O sujeito de cabeça pra baixo na foto é um novo guru do ensino virtual. Chama-se Salman Khan – ou Sal, para os íntimos. Apesar do nome, que decorre da origem indiana da mãe, ele é americano. Esse professor tem uma “classe virtual” de mais de 4 milhões de alunos, que já assistiram a mais de 115 milhões de aulas em sua rede. É simplesmente fantástico!
Claro que Sal desenvolveu um método próprio. Julgo bastante oportuno conhecer seus princípios, porque reside aí uma outra área de que podemos tirar proveito para beneficiar os concurseiros. Trata-se, sobretudo, de uma atitude mental, que se resume a sete pensamentos proativos:
1. SIMPLICIDADE: as questões mais complexas e abstratas ficam compreensíveis quando traduzidas por desenhos e gráficos;
2. EXEMPLOS: a vida real das pessoas sempre fornece algum elemento de comparação útil à compreensão de um conceito novo.
3. CONCISÃO: se um assunto pode ser explicado em dez minutos, explique-o em dez minutos;
4. AVANÇO SEGURO: o conhecimento é cumulativo e sequencial. Domine o básico antes de prosseguir para o intermediário e o avançado. Do contrário, o edifício despenca;
5. EXERCÍCIOS: principalmente em matemática, não há outro caminho senão a resolução exaustiva de problemas;
6. DESIGUALDADE: cada aluno tem o próprio ritmo de aprendizado, e isso deve ser respeitado;
7. MERITOCRACIA: o esforço e o talento de cada um precisam ser reconhecidos e premiados de acordo.
Fico por aqui, depois dessa demonstração de sabedoria desse jovem professor de 35 anos de idade. Espero que os conselhos de Salman Khan, assim como as lições que este artigo trouxe sobre a importância da prática de esportes para o sucesso e a saúde, sejam bem aproveitados pelos candidatos a concursos públicos.
Até a próxima semana, e que cada um de vocês que me lêem aproveitem bem tudo o que viram nestas linhas. Tenho certeza de que elas os ajudarão a conquistar o seu
Feliz cargo novo!