Fábio Flora *
Já imitou o som dos sabres de luz enquanto duelava com um Sith imaginário? Não?! Já passou por aquela porta automática do shopping e usou a Força para abri-la? Nunca?! Já se pegou assobiando mentalmente a Marcha Imperial ao topar com um discurso fascista, infelizmente tão comum nos dias de hoje? Também não?! Você pelo menos sabe quem é o pai de Luke Skywalker? Não sabe?!
Então o sétimo episódio de Star Wars (O despertar da Força) e este texto não te pertencem. Vejo você na próxima semana.
A quem ficou: arrepiei todas as memórias de a-long-time-ago quando aquele logo lindo surgiu na tela acompanhado do tema clássico de John Williams. De repente, o Han Solo estava lá. A Leia estava lá. O Chewie estava lá. O C-3PO estava lá. O R2-D2 estava lá. A Millenium Falcon estava lá. Os stormtroopers estavam lá. Uma superultramegablaster Estrela da Morte estava lá.
O Jar Jar Binks (ufa) não estava lá.
Merecedor de todos os aplausos J. J. Abrams é. O diretor conseguiu mesclar o velho e o novo com equilíbrio. De um lado, respeitou aspectos marcantes da série – a trilha sonora, aquelas “cortinas” fazendo a transição entre as cenas, os atores vestidos de criaturas alienígenas – e ainda copiou parcialmente a estrutura narrativa de Uma nova esperança (desde o droide que cai num planeta desértico até a explosão de certa arma de destruição em massa). De outro, apostou em protagonistas jovens, capazes de dialogar com o público adolescente. Destaque para o vilão Kylo Ren (Adam Driver, mais ameaçador com a máscara e a voz modificada), o ex-stormtrooper Finn (John Boyega) e a catadora de lixo Rey (Daisy Ridley).
A moça, de quem ainda não conhecemos a origem, transpira carisma e energia. Uma heroína que – para horror dos machistas de plantão – não precisa da mão de um homem para correr. Seus olhos brilham como os dos fãs: enxergam o passado com reverência e familiaridade. Como se um de nós subitamente fosse jogado no meio daquelas batalhas entre starfighters e caças do Império (ou da Primeira Ordem).
O filme guarda ainda duas sequências que rivalizam com as melhores da trilogia original (e, se o nobre padawan não quiser saber quais são, não ultrapasse o próximo ponto). A primeira acontece sobre uma ponte, envolve um embate entre Han Solo e Kylo Ren e é concluída quando a base Starkiller termina de sugar a energia de um sol, mergulhando o cenário – e um dos personagens – na escuridão. Já a segunda ocorre numa ilha, dispensa palavras (literalmente) e é cercada de (re)encontros – inclusive da plateia com um herói lendário. Impossível não deixar o cinema com os midi-chlorians em ebulição.
E a certeza de que aquela galáxia já não está mais muito, muito distante.
* Cronista residente no Rio de Janeiro, Fábio Flora mantém o blog Pasmatório e perfil no Twitter.
Deixe um comentário