Mário Coelho
Considerado favorito para ser eleito governador tampão do Distrito Federal até 31 de dezembro, o deputado distrital Wilson Lima (PR), atual governador em exercício, pode ter dificuldades neste sábado (17) para vencer a eleição indireta. Parlamentares ouvidos pelo site acreditam que até a hora prevista para o início da sessão extraordinária, às 15h, muita articulação ainda vai ocorrer. Até ontem (16) à noite, a expectativa era que a eleição só se decidirá no segundo turno, numa disputa entre Lima e o candidato do PMDB, Rogério Rosso, ex-administrador da cidade de Ceilândia durante o governo de Joaquim Roriz. Mas, mesmo essa possibilidade pode mudar com as articulações da madrugada.
A vantagem de Wilson Lima ficou tão tênue que o resultado estimado para o segundo turno é um empate, que só seria definido em favor dele por conta da sua idade. Por isso, qualquer articulação capaz de mudar um voto que seja até a tarde de hoje (17) modifica o resultado final. Lima assumiu o governo do DF interinamente após a renúncia do então vice Paulo Octávio, em 23 de fevereiro, por ser o presidente da Câmara Legislativa. Com a decretação da perda do mandato do ex-governador José Roberto Arruda, criou-se um impasse. Pela Lei Orgânica do DF, o próximo na linha sucessória – no caso, Lima – assumiria o cargo em definitivo. Porém, a Constituição Federal estabelece a realização de eleições indiretas. A partir do momento em que a Câmara oficializou o novo pleito, o distrital entrou em campanha.
Além disso, Lima foi o primeiro candidato a admitir que estava na disputa. Os outros partidos saíram atrás nas articulações. Com a máquina na mão, o governador em exercício não fez grandes mudanças nas secretarias e órgãos do governo. Manteve servidores comissionados indicados pelos distritais, na tentativa de não desagradar possíveis eleitores. Como medidas moralizadoras, anunciou auditorias em contratos e a suspensão de pagamentos a empresas citadas no inquérito 650DF, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que revelou o mensalão do Arruda.
Aliado de Roriz
A candidatura de Lima, no entanto, acabou perdendo força quando evidenciou-se que ele tinha uma aliança com Joaquim Roriz, que hoje é quem aparece como favorito nas intenções de voto para governador nas eleições de outubro. Alguns distritais entenderam a manobra como trampolim de Roriz para as eleições de outubro. Parte dos parlamentares diz que, caso eleito, o governador interino poderia usar a máquina em benefício da candidatura de Roriz. Apesar desse raciocínio, as contas mais conservadoras ontem davam 12 votos para Wilson Lima, apenas um a menos do que o necessário para vencer no primeiro turno.
É aí que a situação de Wilson Lima pode complicar-se. Ele seria eleito apenas porque é mais velho que seu provável adversário. Apesar de estarem no páreo seis candidatos, somente outros dois seriam votados. O peemedebista Rosso aparece com sete votos, enquanto o petista Antonio Ibañez Ruiz é dono de cinco – os quatro da bancada do PT e o de José Antônio Reguffe (PDT). Para o segundo turno, Rosso herdaria os votos do PT e ficaria com 11. Reguffe ainda não se definiu sobre o segundo turno. Caso ele também embarque na candidatura peemedebista, o que é o mais provável. Rosso e Lima ficariam empatados com 12. Neste caso, as regras preveem que o vencedor é o candidato mais velho – no caso, Wilson Lima.
Um dos fiéis da balança para Lima conseguir permanecer no GDF é o também candidato Aguinaldo de Jesus (PRB). Sua candidatura, quando inscrita, tomou de surpresa os deputados distritais. Ele chegou a ser cotado como um possível nome no segundo turno. Mas a candidatura esvaziou-se e, no final da semana, cogitou-se mesmo que Aguinaldo a retiraria. A candidatura foi mantida, mas a expectativa é que Aguinaldo já não vote nele próprio mesmo no primeiro turno. Ele já é um dos sete votos previstos para Rogério Rosso. Em último caso, vota em Rosso no segundo turno.
Mesmo entrando com cinco votos, a candidatura petista não conseguiu conquistar os colegas. Até ontem pela manhã, o ex-reitor da Universidade de Brasília (UnB) Antonio Ibañez tinha apenas a adesão da bancada do PT na Câmara. À tarde, o pedetista Reguffe anunciou seu apoio a Ibañez. “Estou satisfeito com a nossa campanha. Marcamos uma posição, mostramos que é possível estabelecer uma discussão de projetos. Fizemos o que estava ao nosso alcance”, afirmou o líder do PT na Casa, Paulo Tadeu, ao Congresso em Foco.
Funcionamento
As eleições serão coordenadas pelo presidente em exercício da Casa, Cabo Patrício (PT). Ele iniciará a sessão extraordinária às 15h, quando abrirá a palavra aos candidatos das seis chapas inscritas. Cada chapa terá 30 minutos para defender a sua candidatura. Segundo o petista, o acesso às galerias da Câmara Legislativa amanhã estará restrito aos 150 convidados dos partidos políticos, por motivos de segurança e como não poderia colocar em risco a realização destas eleições. “A população poderá acompanhar as eleições nos dois telões que serão instalados do lado de fora da Câmara Legislativa”, explicou.
Conforme ato da Mesa Diretora, publicado ontem no Diário da Câmara Legislativa, o expediente da Câmara Legislativa na segunda-feira (19), dia da posse do novo governador, será das 13h às 19h. A posse está marcada para às 10h, no Plenário da Câmara, e é restrita a autoridades, convidados e imprensa.
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