O prefeito do Rio, Eduardo Paes, tem se revelado o Valentino da política ao empunhar pessoalmente linha e agulha para costurar sua própria reeleição. Poucos têm resistido. Kassab e Índio da Costa já disseram que o PSD vai ter candidato próprio no maior número possível de capitais mas que no Rio será diferente. O PPS está quase lá e o PV, como os cariocas gostam de dizer, tá dominado. Até Fernando Gabeira, que deu um calor em Paes na eleição de 2008, o prefeito tentou seduzir.
A Gabeira, Paes ofereceu um cargo na Organização das Olimpíadas do Rio, mas o verde recusou, embora afirme estar depauperado financeiramente depois da campanha de governador do ano passado. Brioso, diz que tem o dever de se manter na oposição, mas revela que o presidente do seu partido, o PV, deputado Alfredo Sirkis, já aderiu. Movimento semelhante está em curso no PPS, que só não tripula ainda na barca de Paes porque o vereador Paulo Pinheiro tem arestas que resiste em aparar.
Numa Câmara com 52 vereadores, Pinheiro está no reduzido grupo de seis moicanos que não votam com o prefeito. Partidos ditos de oposição, como DEM e PSDB, racham no apoio governista. A vereadora tucana Patrícia Amorim é um exemplo. Presidente do Flamengo, vota sempre com o governo e está de malas prontas para o PMDB, onde sonha ser vice no bonde de Paes, ano que vem.
Patrícia é mulher, leve, mãe de quatro filhos, preside o clube mais popular do Brasil (e atualmente em boa fase) e, para completar, é atleta ótimo atributo para uma cidade que vai encarar Copa e Olimpíadas.
Mas como não tem amador nesse jogo, há quem veja no pré-lançamento do nome de Patrícia um inteligente balão de ensaio do PMDB para se cacifar diante do PT, que reivindica, em nome da aliança nacional que existe entre os partidos, indicar o vice de Paes (os nomes cotados são o vereador Adilson Pires, preferido de Lindberg Farias, e Carlos Minc, da confiança de Sérgio Cabral).
O PT pode até levar a vice. Mas vai ter que sentar, negociar e prometer ao PMDB o imprometível: não lançar o senador Lindberg Farias (PT) contra Pezão na sucessão de Cabral. Esta é, para Paes, a parte mais difícil da construção da aliança: agir pensando não apenas em 2012, mas também em 2014, na continuidade do projeto do PMDB no estado.
Cabral, com uma média hoje de 70% de ótimo e bom na avaliação popular, unha e cutícula com Paes embora tenham grupos políticos distintos , jogará mais uma vez papel importante na eleição do aliado. A avaliação de Paes também está excelente: na casa dos 70%, sendo 52% de ótimo e bom, índices que, neste momento, já seriam suficientes para elegê-lo e olha que ainda tem muita coisa para inaugurar e começar até ano que vem.
Mas o prefeito quer fazer como mestre Cabral ano passado: uma campanha praticamente sem adversários. Para Paes, não basta ganhar. Ele quer vencer. E é isso o que se desenha, a julgar pelos adversários que apareceram por enquanto no horizonte, como a jovem dupla em construção Rodrigo Maia-Clarissa Garotinho para prefeito e vice.
Dupla jovem, porém pesada, na medida em que trazem como herança a rejeição aos seus pais. Além disso, representam a união de um partido que faz oposição à presidenta Dilma (DEM) com um de situação (PR). E ambos são, no plano estadual, adversários do bem avaliado Sérgio Cabral.
O PSDB também diz que terá candidato. O deputado federal Otávio Leite ou a vereadora Andrea Gouveia Vieira. Mas, seja quem for o escolhido, terá que responder à mesma pergunta que farão à dupla dos papais: como um prefeito que briga com a presidenta e o governador vai manter o fluxo de recursos necessários para fazer Copa, Olimpíadas e tudo o mais?.
Ou seja, noves fora a questão de quem será seu vice, o céu é azul como o nome da ararinha Blue do desenho animado que, no Brasil, foi traduzido como Rio. Até nisso Paes deu sorte. O carioca anda orgulhoso de si como há décadas não acontecia. Os ventos sopram a favor. Só mesmo um tornado para mudar esse quadro.