Amigos, estava eu pensando em um tema para o artigo desta semana quando deparei, na mídia, com dois personagens de histórias exemplares para os concurseiros que me acompanham toda semana aqui ou em outros veículos onde colaboro. Vou contar quem são eles e por que os considero bons exemplos para quem está na estrada dos concursos públicos e tenho certeza de que vocês concordarão comigo.
Começo pela saga de Beto Flash, carioca que, sem dúvida alguma, é o campeão mundial de aprovações em concursos públicos: ele passou em 35 dos 58 que prestou até hoje! É isto mesmo: são quase 60% de sucesso, índice do qual ele se orgulha muito, com justa razão. Não se conhece ninguém com desempenho sequer parecido. Flash – sobrenome que não é o verdadeiro, “por motivos de segurança”, segundo ele – já é servidor público do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro há seis anos, mas continua prestando concursos, pois sua meta ainda não foi atingida: a Procuradoria-Geral da República, PGR para os íntimos.
Conforme já contei muitas vezes, em minha juventude fui aprovado em oito concursos públicos, o que considero um belo desempenho, dadas as dificuldades que todo candidato enfrenta. O que dizer, então, de 35 aprovações? Nem Freud explica. Só Beto Flash. Então, vamos conhecer suas explicações.
“Não assumi quando passei no primeiro concurso, porque muita gente toma posse logo e não espera outro, passando a trabalhar oito horas por dia. Essa pessoa nunca mais vai conseguir voltar a estudar e passar. Às vezes, se ficar um pouco mais de tempo estudando, faz a diferença.” Aí está a primeira dica. Sempre é preciso avaliar se o primeiro concurso em que se obtém a aprovação é mesmo o que o candidato quer para o futuro, se vale a pena assumir logo o cargo ou se é melhor ir mais adiante.
Concordo com nosso campeão. Mas aí vem outra preciosa lição dele: “Ao contrário de muitos que só prestam concursos, eu estudei para todos os 58 prestados até hoje, em diversas áreas, e não me arrependo, pois acumulei muito conhecimento geral”. A declaração dispensa maiores comentários. Basta dizer isto: estudar para o concurso que se vai prestar é fundamental.
No ano passado, Beto Flash se formou em direito, mas prefere não exercer a profissão de advogado. Assim como já não exerce nem a de jornalista, nem a de arquiteto, outras duas graduações que concluiu. Isso porque sua meta já está definida: “Agora vou me dedicar exclusivamente aos concursos jurídicos. Quero ser procurador da República”. O último concurso que Flash prestou, no mês passado, foi exatamente para esse cargo. Ele concorre a uma das 47 vagas ofertadas, com salário de R$ 24.057,33. Para ele, “é apenas uma questão de tempo; se não passar nesse, passo em outro [concurso]”. Beto garante que, quando conseguir se tornar procurador, vai encerrar a carreira de concurseiro, porque tem “um certo fascínio pelo Ministério Público, e o salário é de R$ 24 mil”.
Entre os concursos mais importantes em que foi aprovado, Beto Flash cita: Ministério Público da União (MPU), Polícia Federal, tribunais regionais do Trabalho (TRTs) e tribunais regionais federais (TRF), Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Ancine, Infraero, Caixa Econômica Federal, Prominp, Colégio Pedro II, Ministério da Saúde, Ibama e Exército. Em alguns deles, como tribunais e MPU, Flash conta que foi aprovado mais de uma vez, ora para cargos de nível médio, ora para vagas destinadas a portadores de diploma de curso superior.
O concurseiro diz que sua decisão de assumir a vaga no TRE foi estratégica. Flash precisava de pelo menos cinco anos para cursar com tranquilidade a faculdade de direito, “rumo à Procuradoria da República”. Quanto a seus métodos de estudo, eles não diferem muito daquilo a que outros concurseiros de sucesso estão acostumados, embora sem tantas aprovações no currículo. Talvez a diferença seja que, pela manhã, de segunda-feira a sexta-feira, Beto frequenta um curso preparatório; depois, cumpre expediente de sete horas no TRE; de noite, frequenta outro curso; de madrugada, assiste a aulas de direito pela tevê; aos sábados, frequenta cursos pela manhã e de tarde; finalmente, nas manhãs de domingo, participa de simulados em outro curso preparatório. Descanso? A tarde e a noite de domingo são reservadas para a pausa nos estudos e algumas horas de lazer e distração. “Não tenho mais tempo para estudar em casa. Por isso, todas as vezes que tiro férias, é só para estudar antes de alguma prova importante”, explica o concurseiro.
Ele aconselha os colegas a iniciar os estudos pelas questões da banca do concurso que prestarão e só depois buscar na teoria a fundamentação das respostas que tiverem errado. É um bom método, ainda mais com tanta disposição para o estudo, como ele revela: “Fiz os 58 [concursos] porque gosto do conhecimento; eu preciso do conhecimento. Estudei para cada um deles. Adoro estudar, quero morrer estudando. Fiz concursos na área militar, jurídica, de saúde, ambiental, de exatas. Mas não para descobrir minha vocação. Eu sempre soube que, no final, eu ia acabar na área jurídica, que tem os melhores salários, as melhores carreiras. Eu ganhava mais como empresário do que hoje, como servidor público, mas acabava trabalhando para o hoje”.
A história de Beto Flash, em resumo, é a de um superconcurseiro de sucesso que pode motivar muita gente a estudar mais do que vem estudando para conquistar a aprovação. Claro que ninguém precisa prestar 58 concursos como o nosso herói; para a maioria das pessoas, basta passar em uma seleção para atingir o objetivo e seguir no cargo e na carreira escolhida pelo resto da vida. Como o próprio Beto e todos nós sabemos, no serviço público, com exceção dos médicos e dos professores, ninguém pode ter mais de um emprego. Prestar muitos concursos, porém, ajuda na preparação do candidato, além de agregar conhecimentos, como Beto ensina.
No início do artigo, antecipei que falaria de dois personagens de histórias exemplares. O segundo é um jovem morador de Sobradinho, de 34 anos de idade, que foi tema de uma bela reportagem do jornal Correio Braziliense. Ele é portador de uma doença rara nos ossos (osteogênese imperfeita) que já lhe custou ao longo da vida 301 fraturas. Pois vejam que nem mesmo a deformidade física congênita impede Alexandre Ferreira Abade de estudar, movimentando-se numa cadeira de rodas e usando um computador adaptado para suas condições. Graduado em administração e marketing, ele agora faz pós-graduação, dá palestras motivacionais e acaba de lançar o livro “Faça a diferença – começando a mudança em nós mesmos”, em parceria com a amiga Simone de Morais, também formada em administração.
O exemplo de vida de Alexandre é fantástico. Internações frequentes, dores e previsões pessimistas dos médicos nunca o desmotivaram ou o fizeram deixar de seguir em frente, em busca de seus sonhos. Hoje ele até brinca com a situação: “Os médicos diziam que eu não passaria dos dois anos. Depois mudaram para 10, 12, 14. Fui sempre desafiando”. Creio que não é preciso acrescentar muito mais a essa história. Mas vale ressaltar que Alexandre sempre se destacou nos estudos e teve o apoio de colegas e professores: “Fazia provas orais e todos ajudavam a me incluir”, diz o rapaz, que tem apenas 1,20 m e pesa 30 kg. Sem dúvida, o corpo é frágil, mas a mente de Alexandre é brilhante. Ele é motivo de inspiração para todos, concurseiros ou não, e uma das maiores lições de vida que já conheci.
Fica a lição: tire proveito dos seus problemas e não se deixe abater por eles.
São casos como os de Beto Flash e Alexandre Ferreira Abade que me motivam cada vez mais a estimular aqueles que fazem do estudo o caminho rumo à conquista do cargo público. Não há barreiras que não possam ser vencidas por quem se propõe a alcançar um objetivo na vida, mesmo que essas limitações sejam físicas e aparentemente instransponíveis. Nesse caso, é preciso ter determinação férrea para levar adiante o projeto, com a certeza de que o velho adágio popular “querer é poder” vai fazer a diferença entre os que apenas tentam e os que de fato alcançam o sucesso.
E lembre-se: o sucesso está dentro de você.
É assim que você, caro amigo e concurseiro, acabará conquistando no serviço público o seu
FELIZ CARGO NOVO!
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