Expedito Filho, de Nova York |
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Tudo pode acontecer nas próximas eleições iraquianas no domingo. Para o cidadão americano médio, o domingo eleitoral será o dia decisivo para o projeto de ocupação dos Estados Unidos. Se as eleições vingarem, vira-se uma página importante para o governo Bush. A eleição pode legitimar a ocupação. Entre os pessimistas, o próximo domingo é o dia da administração Bush repensar a invasão iraquiana. Nesse horizonte, o dia de eleição seria também de atentados suicida, carros-bomba, ações terroristas contra inocentes e baixo comparecimento aos postos de votação De fato, domingo no Iraque será mesmo imprevisível. Pode ser o dia mais sangrento da história de uma eleição ou ainda a data da redenção no diário de uma ocupação. Os americanos, que durante a Guerra Fria sustentaram ditaduras, resolveram agora exportar democracia. O argumento agora é o de que só a democracia pode salvar o terceiro mundo de ditadores. No próximo domingo, com o apoio do Exército americano, um total de 14 milhões de eleitores escolherão entre sete mil candidatos de 111 partidos seus representantes municipais, estaduais e federais. Será eleita uma assembléia constituinte com 275 membros que, num primeiro momento, escolherá o presidente e o primeiro ministro. Depois disso, os 275 eleitos iniciarão o trabalho de redação da Constituição iraquiana, em um país divido entre a ocupação e o terrorismo. Os que querem a eleição desejam um estado secular governado por alguém escolhido pela maioria. Os que a rejeitam têm a fé em um estado teocrático, governado por alguém escolhido por Alá. Ali, existe uma cadeia de ódio no caminho até Alá. Algumas lideranças sunitas que dominaram o país durante os 25 anos de Saddam Hussein estão financiando e protagonizando as ações terroristas contra as eleições. Os xiitas, sempre vitimas da mão de ferro de Saddam, mesmo divididos, enxergam as eleições como a grande chance de chegar ao poder. Afinal, 60% da população são xiitas e o que se espera é que xiita vote em xiita. Assim, ocupado, dividido pelo ódio e pela fé, o eleitor iraquiano vai às urnas no próximo domingo. Ele tem duas opções: ou fica em casa e legitima o projeto lunático do terror ou vai às ruas enfrentar bombas e tiros para viabilizar uma eleição protagonizada pelo país invasor. |