Gilson Euzébio*
Que fim melancólico esse do governo Dilma! Parece um doente agonizante, que respira com a ajuda de aparelhos, mas tem dia certo para morrer: 31 de dezembro, quando serão desligados os aparelhos que o mantém vivo.
Nasce no primeiro dia de 2015 um novo governo da República Federativa do Brasil: Dilma repassará a Dilma uma faixa presidencial recheada de abacaxis, pepinos, espinhos…
Dilma receberá de Dilma um país em situação extremamente delicada: economia estagnada, déficit nas contas públicas, inflação acima da desejada, envolvimento de políticos e empresários em corrupção, crise de credibilidade… Pior ainda: a nova presidente receberá uma nação dividida entre os que a reelegeram e aqueles que odeiam o PT e Dilma.
A presidente Dilma, versão 2015, precisa vir com muitos acessórios para enfrentar obstáculos e chegar a algum lugar. A Dilma 2015 tem que ser capaz de descascar os abacaxis, a começar pela unificação do País em prol do desenvolvimento econômico e social, com distribuição de renda; de oferecer perspectivas à população e a empresários.
Dilma 2015 tem que ser muito forte, e assumir a liderança com pulso firme para lidar com os problemas deixados por sua antecessora. E terá que convencer a oposição, revigorada nas eleições deste ano. Mesmo antes de assumir o cargo, a presidente eleita fez alguns movimentos interessantes para minar os adversários: a senadora Kátia Abreu no Ministério da Agricultura para fazer as pazes com o agronegócio; a indústria estará representada por Armando Monteiro, presidente da CNI, escolhido para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; e o que realmente pesa na balança, o mercado financeiro, foi contemplado com a escolha de Joaquim Levy, do Bradesco, para o Ministério da Fazenda.
Mas a nova presidente, ou presidente do novo governo, precisa esforçar-se muito para se livrar do cheiro de mofo deste fim de governo.
PublicidadeNão basta o agrado ao mercado financeiro. Dilma 2015 tem que se superar e resgatar a credibilidade, não apenas de seu governo, mas do País, também arranhado pelos repetidos casos de corrupção. Irregularidades na Petrobras ou no Metrô de São Paulo provocam desconfiança nos investidores, arranham a imagem do País perante outras nações.
Para vergonha nacional, há um bom tempo que a agenda do Brasil é definida pela Polícia Federal e pelo Ministério Público. São tantos os escândalos que o governo Dilma mal consegue respirar.
* Gilson Euzébio é jornalista