No começo de seu discurso de defesa no julgamento do processo de impeachment, a presidente afastada Dilma Rousseff disse que tem defeitos e comete erros, mas que não praticou qualquer crime. A petista afirmou que resistiu quando foi presa e torturada pela ditadura militar, aos 19 anos, e que não será agora, que é mãe e avó, que cederá. “Não posso deixar de sentir na boca novamente o gosto áspero e amargo da injustiça e do arbítrio. Como passado, resisto. Não esperem de mim o obsequioso silêncio dos covardes”, declarou.
A presidente fez um histórico de ações de seu governo e acusou seus adversários de utilizarem “frágeis pretextos” jurídicos para dar ar de legalidade a uma “ruptura democrática”. “Os padrões políticos dominantes no mundo repelem a violência explícita. Agora a ruptura democrática se dá por meio da violência moral e pela aparência preceitos constitucionais”, afirmou.
Sem mencionar o nome do vice-presidente, Michel Temer, a presidente afirmou que a eventual interrupção de seu governo “resultará na eleição indireta de um usurpador. “Quem afasta o presidente pelo conjunto da obra é o povo, e somente o povo, nas eleições”, acrescentou.
A presidente afastada fez crítica velada aos senadores que mudaram de posição, alguns dos quais foram seus ministros: “Se alguns rasgam seu passado e negociam as benesses do presente, que respondam perante sua consciência e perante a história”. “A mim cabe lamentar pelo que foram e pelo que se tornaram. E resistir. Resistir sempre.”
Dilma se emocionou ao falar sobre a realização da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos no Brasil. Com a voz embargada, interrompeu sua fala para tomar água. E foi aplaudida por seus aliados, o que fez o presidente do julgamento, Ricardo Lewandowski, pedir aos presentes que evitem qualquer tipo de manifestação.
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