Melhor que o adversário que o PT derrotou em 2002. Melhor mesmo que seu criador. Ao final de seu primeiro ano de governo, a presidenta Dilma Rousseff alcança índices de aprovação mais altos que os de Fernando Henrique Cardoso e os de Lula no mesmo período. É o que revela pesquisa do Instituto Ibope encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Os números mostram que a popularidade de Dilma passa incólume pelas crises políticas e as denúncias de corrupção que levaram à queda de seis ministros – mais de um a cada dois meses – por denúncias de corrupção. É possível que justamente a reação forte de Dilma a essas denúncias, ao afastar os ministros, seja parte da explicação para seus índices positivos.
De acordo com a pesquisa, Dilma tem 56% de ótimo e bom na avaliação de seu governo ao final de seu primeiro ano. Em 1995, primeiro ano de seu primeiro mandato, Fernando Henrique Cardoso registrou apenas 43% de ótimo e bom. Em 1999, início de seu segundo mandato, a situação do ex-presidente tucano era bem pior: apenas 17% dos entrevistados disseram achar ótimo ou bom seu governo.
Naquele momento, o país enfrentava uma grave crise financeira, que levou a uma desvalorização do real, e estava em meio à crise energética que levaria ao apagão, em julho de 2001. Não por acaso, ao final desse segundo governo, o candidato de Fernando Henrique, José Serra, acabou sendo derrotado por seu adversário, Lula. Que terminou seu primeiro ano de mandato, em 2003, com 41% de aprovação. Em 2007, segundo ano de seu primeiro mandato, Lula teve 51% de ótimo e bom. Lula chegou a ter índices de aprovação mais altos ao longo de seu governo, mas não nos dois primeiros anos dos seus dois mandatos.
A margem de erro da pesquisa é dois pontos percentuais. Foram entrevistadas 2.002 pessoas em 142 municípios brasileiros entre os dias 2 e 5 de dezembro.
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PublicidadeDesempenho pessoal
Índices que costuma caminhar junto com a popularidade do governo, o desempenho pessoal de Dilma também tem avaliação melhor que a de seus antecessores após um ano no cargo. Ela obteve 72%. Em 1995, a avaliação do desempenho pessoal de Fernando Henrique tinha 57% de avaliação. Em 1999, era somente de 26%. Já Lula pessoalmente, tinha em 2003 66% de aprovação e 65% em 2007.
O grau de confiança depositado em Dilma empata com o índice de Lula em seu primeiro ano de mandato. Sessenta e oito por cento dos entrevistados disseram confiar em Dilma. Ao final de 2003, o grau de confiança em Lula era de 69%. Em 2007, caiu para 60%.
Já Fernando Henrique tinha a confiança de 58% da população em 1995 e viu esse número recuar na sondagem do Ibope para apenas 27% ao fim de 1999.
Tolerância zero
A pesquisa demonstra que os entrevistados acompanham o noticiário sobre os escândalos no governo. Vinte e oito por centro dos entrevistados lembraram de imediato de alguma notícia relacionada com irregularidades cometidas por ministros de Dilma, sendo que 23% lembrou-se da queda de Carlos Lupi do Ministério do Trabalho. A maioria dos entrevistados – 35% – acha que o noticiário sobre o governo Dilma não é “nem favorável nem desfavorável”.
É mais um sinal, portanto, de aprovação da população à forma da presidenta agir nesses casos. Em café da manhã hoje (16) pela manhã com jornalistas que cobrem o Palácio do Planalto, Dilma disse ter “tolerância zero” com a corrupção. Dilma afastou de seu governo, por denúncias de corrupção, os ex-ministros Antonio Palocci, da Casa Civil; Alfredo Nascimento, dos Transportes; Pedro Novaes, do Turismo; Wagner Rossi, da Agricultura; Orlando Silva, do Esporte, e Carlos Lupi, do Trabalho. Nelson Jobim, da Defesa, foi demitido por outras razões.
Expectativas
Coerente à avaliação positiva do governo, as expectativas em relação ao governo Dilma melhoraram. Dentre os entrevistados, 59% acreditam que o período restante do governo – mais três anos – será “ótimo” ou “bom”, contra 56% na pesquisa de setembro. É, porém, mais baixo que a expectativa demonstrada em dezembro de 2010 quanto ao governo que se iniciaria. Na ocasião, 62% disseram acreditar que a era Dilma seria ótima ou boa.
Desconfiança na economia
Há, porém, dados negativos apontados na pesquisa. A maioria da população diz discordar dos métodos usados pelo governo no combate à inflação que, de fato, vem subindo. Segundo a pesquisa, 52% dos entrevistados não concordam com a política de combate ao aumento de preços, enquanto 39% aprovam. Essa desaprovação, porém, caiu com relação à rodada de setembro da pesquisa, quando a política de combate à inflação era desaprovada por 55%.
A maioria também diz desaprovar a política de juros (56%) Mais da metada da população também é contrária à política e a política tributária (66%).
Também são negativos os índices de aprovação da segurança pública, da saúde e da educação. Sessenta por cento dos entrevistados disseram desaprovar as ações do governo na segurança pública. Na saúde, a desaprovação é de 67%. Na educaçãoo, de 51%.
Em três áreas, em compensação, a avaliação é positiva: combate à pobreza, meio ambiente e combate ao desemprego. As ações de combate à pobreza têm a aprovação de 56%. A política ambiental é aprovada por 48%. E o combate ao desemprego tem o sinal positivo de 50% dos entrevistados.