As TVs comunitárias, pela proposta do Palácio do Planalto, teriam sinal verde para retransmitirem a programação de emissoras oficiais. Por isso, o governo prepara-se para fortalecer a Radiobrás e as TVs Câmara e Senado. Pretende, assim, concorrer com as grandes redes com uma vantagem a mais: a retransmissão não teria nenhum custo para as TVs comunitárias.

"O projeto não cria um mercado cativo para estatizar esse segmento de comunicação. Não é um instrumento de estado", explicou o deputado Fernando Ferro (PT-PE), autor do projeto que regulamenta as TVs comunitárias.

Já o deputado Carlito Mers (PT-SC) avalia que o governo precisa de um instrumento alternativo de comunicação porque encontra forte oposição dos grandes jornais e redes de TV.

"Uma boa parte dos grandes jornais fecha a pauta do dia pela manhã, decidindo que o governo só ajuda prefeituras do PT. A gente tenta explicar, mas não tem jeito. A gente tem que ter direito a passar a nossa versão. Talvez sejamos ruins de comunicação", reclama Carlito.

Além de criticar a grande imprensa, Carlito elogia a posição do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de resistir às pressões de grandes grupos de comunicação, com um grau elevado de endividamento, para conseguir dinheiro barato para pagar dívidas.

"Se o BNDES der dinheiro para pagar dívida da grande imprensa, eu saio do partido", ameaçou Carlito.

A dívida total das grandes empresas de comunicação atinge a marca de R$ 10 bilhões. De acordo com Carlito, o BNDES não está disposto a agir como hospital. O presidente do BNDES, Carlos Lessa, somente autoriza operações para importação de papel e aquisição de equipamentos para implantação da TV digital.

Para esse tipo de operação, o BNDES estaria disposto a desembolsar até R$ 4 bilhões. Esse financiamento estava em discussão com os grupos de comunicação antes mesmo da posse do presidente Lula.

Quando era oposição, o PT tinha uma relação diferente com a mídia. O próprio secretário de Comunicação de Governo, Luiz Gushiken, quando deputado federal pelo PT, era um usual fornecedor de denúncias junto aos grandes jornais contra o governo. Chegando ao Palácio do Planalto, Gushiken e boa parte do governo Lula se queixam de uma suposta má vontade com a administração petista.